Parlasul investigará massacre de Curuguaty, no Paraguai

Pouco mais de um ano depois do massacre de Curuguaty, ocorrido em 15 de junho de 2012 e que desencadeou o golpe contra o presidente Fernando Lugo, o Parlasul (Parlamento do Mercosul) deve abrir uma investigação para apurar quais foram os responsáveis pela ação que deixou seis policiais e 11 camponeses mortos no Paraguai. A informação foi divulgada na noite da quarta-feira (10) durante a abertura oficial da Cúpula Social do Mercosul, em Montevidéu.

Por Vitor Sion*, de Montevidéu, no Opera Mundi

Mercosul - Vitor Sion/Opera Mundi
“Vou protocolar na próxima reunião do Parlasul para que se faça uma investigação sobre os verdadeiros culpados do massacre de Curuguaty. O que aconteceu foi uma violação do princípio da vontade popular por meio de um crime. Federico Franco é um usurpador que ocupa a presidência de forma ilegítima”, afirmou Ricardo Canesse, um dos representantes do país no legislativo do bloco.

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Em março deste ano, o Comitê de Direitos Humanos da ONU também solicitou a realização de uma nova investigação, “imparcial e independente”. Doze camponeses que viviam em um acampamento no local do massacre foram presos no último ano: cinco continuam na cadeia e sete, em prisão domiciliar. O advogado do grupo, Guillermo Ferreiro, argumenta que uma série de irregularidades foi cometida pelos peritos paraguaios.

Canesse ainda afirmou que “os Estados Unidos estavam por trás do golpe contra Lugo e estão novamente organizando uma resistência para evitar que o Paraguai volte ao Mercosul”. “O povo paraguaio passou a viver melhor enquanto esteve no Mercosul e deve voltar o quanto antes para o bloco. O Mercosul não rompeu com os direitos dos paraguaios. É o próprio Estado paraguaio que não respeita os direitos humanos dos camponeses.”

Ao concluir, Canesse foi aplaudido de pé pela plateia de cerca de 300 pessoas, várias delas com bandeiras, principalmente da Bolívia, da Venezuela e do próprio Paraguai.

Como consequência da deposição de Lugo, oficializada em 22 de junho de 2012, o Paraguai foi suspenso do Mercosul. Em agosto do mesmo ano, a Venezuela foi incorporada ao bloco. Isso só foi possível devido à sanção, pois o Congresso paraguaio não havia aprovado a entrada de Caracas.

O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, não aceita voltar ao grupo com a presença venezuelana e ainda pede para retornar na Presidência do Mercosul. O tema deve ser tratado pelos presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela na reunião desta sexta-feira (12), em Montevidéu.

*Vitor Sion é enviado especial do Opera Mundi a Montevidéu