Coreia Popular se nega a dialogar sob pressão

A República Popular Democrática da Coreia (RPDC) recorre sem artificios à memória histórica e à longa lista de descumprimentos de acordos dos Estados Unidos com respeito às sucessivas crises na península.

Coreia Popular - Protestos contra imperialismo

Desde 27 de julho de 1953, quando foi assinado o armísticio da guerra na região, nenhum dos governos estadunidenses aceitaram concluir essa trégua como um acordo de paz.

Entre 1950 e 1953, tanto o então presidente Harry Truman como os que vieram depois mencionaram o possível uso de armas atômicas para "ganhar" a batalha, mas a Guerra Fria impediu esse ultraje.

A então União Soviética e a China foram um obstáculo para o único e exclusivo interesse dos Estados Unidos, obstáculo que se fortaleceu com a maior capacidade da RPDC para enfrentar uma agressão estadunidense.

O general Douglas MacArthur, veterano da Segunda Guerra Mundial, questionado por seus "dotes" militares em Okinawa e Corregidor (Baía de Manila), Filipinas, chegou a declarar que lançar 30 ou 50 bombas atômicas na região de fronteira entre a Coreia e a China "criará uma zona de radioatividade, onde nada que tenha vida poderá sobreviver durante 60 anos, ou até 120 anos."

Tais "opções" obrigaram o general a ser destituído, mas sem deixar de manter todo o Sudeste asiático a disposição da aviação estratégica estadunidense, entre eles os B-52, carregados com armas nucleares.

Plano vingança

Depois da assinatura do mencionado armisticio, Washington oficializou no mesmo ano de 1953 um chamado "Plano vingança", destinado à expansão da guerra. Os EUA começaram a mobilizar tropas especializadas no que foi chamado o Grupo Atômico, integrado pela Divisão 7 e pela Divisão Blindada número 1.

Essas duas divisões ficaram estacionadas na Coreia do Sul dotadas de mísseis portadores de armas nucleares Honest John, os mais avançados daquela época.

Na década, chegaram a mais de 50 mil o número de militares estadunidenses, foram treinadas cinco unidades de combate especializadas em "batalhas atômicas", e preparados outros mísseis tipo Hawk de alcance médio.

Entre 1960 e 1978, os Estados Unidos assinaram com o regime de Seul um convênio para o desenvolvimento conjunto de armas nucleares, ensaios militares e de abastecimento de materiais, e ordenou vôos de "inspeção" sobre a região desmilitarizada de Panmunjom, paralelo 38 e linha divisória das partes sul e norte da Península.

Nos últimos anos, como em nenhum outro lugar do mundo, Washington reafirmou sua política de uso preventivo da armas nucleares e começou a realizar exercícios militares junto à Coreia do Sul e ao Japão, equipados inclusive com novos mísseis Lance de capacidade nuclear.

Publicações como a revista Defense Monitor, chegaram a mencionar que na Coreia do Sul tinham sido instaladas pelo menos 80 ojivas nucleares.

Descumprimento de acordos

Os exercícios militares de forças sul-coreanas e estadunidenses, foram realizados com frequência a partir de 1978, com contingentes e mobilização cada vez maior de homens e equipamentos de alta tecnologia.

Depois da chegada de Bill Clinton à Casa Branca em 1993, foram realizados contatos sistemáticos entre Pyongyang e Washington, com visitas do ex-presidente James Carter à RPDC em 1994, assim como Madeleine Albright, secretária de Estado, em 2000.

Em ambos casos, foram feitas tentativas de formalizar um acordo de paz e, de uma ou outra maneira, foram sentadas bases para sua consolidação. Mas o acordo não foi levado a cabo depois da tomada de posse de George W. Bush, em 2002.

Recentemente, Pyongyang, para ser consequente no processo de diálogo, denunciou que os Estados Unidos deixaram de cumprir inúmeros acordos, inclusive quando em 2012 foram retomadas as chamada conversas entre seis partes, com a participação da RPDC, China, Estados Unidos, Rússia, Japão e Coreia do Sul.

As novas tensões estão atravessadas por esse histórico denunciado por Pyongyang, cujo governo reitera uma e outra vez a hostilidade estadunidense como parte de sua tentativa de desarmar a Coreia Popular e destruir o socialismo.

De tal maneira, a significativa intensificação das manobras militares e as contínuas pressões políticas e diplomáticas contra a RPDC demonstram que os Estados Unidos pretendem fechar um círculo de pressão de maneira inaceitável, esgrimindo atitudes prepotentes e humilhantes.

Fonte: Prensa Latina