Caso Valério: procuradores falam em manipulação

Enquanto o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, defende a investigação das declarações atribuídas ao publicitário Marcos Valério, divulgadas nesta terça-feira (11) pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Conselho dos Procuradores Gerais recomenda cautela sobre elas.

marcos valério

Segundo reportagem do jornal paulistano, o publicitártio Marco Valério acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conhecer o esquema do chamado "mensalão", e que teria se beneficiado dele.

Ao ser perguntado sobre a necessidade de investigações, durante um intervalo da sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Joaquim Barbosa disse: "Eu creio que sim", embora tenha, como informou, ter apenas “conhecimento oficioso, não oficial" sobre o assunto.

A reportagem de O Estado de S. Paulo acusa Lula de ter autorizado empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT. O depoimento de Marcos Valério onde constariam estas denúncias teria ocorrido depois dele ter sido condenado pelo STF a mais de 40 anos de prisão pelos crimes de corrupção, peculato, evasão de divisas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro na Ação Penal 470.

A Procuradoria Geral da República informou hoje que o procurador-geral, Roberto Gurgel, não vai se pronunciar sobre o assunto até a conclusão do julgamento do "mensalão". No início de novembro, quando informações semelhantes foram veiculadas pela mídia conservadora, Gurgel disse que as revelações de Valério precisam ser analisadas com cuidado, não podendo ser usadas em seu próprio benefício na ação do chamado "mensalão", embora poderiam, como afirmou, motivar novas investigações.

Conselho de Procuradores Gerais teme manipulação

O presidente do Conselho Nacional de Procuradores Gerais, Oswaldo Trigueiro, disse nesta terça-feira (11) que é preciso “cautela” e “prudência” na avaliação de uma possível repercussão formal das declarações atribuídas ao publicitário Marcos Valério, publicadas por O Estado de S. Paulo.

“É importante termos conhecimento das circunstâncias em que esse depoimento foi feito e em que momento [para avaliar] se isso tem ou não repercussão formal. Temos que ter cautela e prudência para avaliar essa situação”, disse ele.

A cautela é necessária, disse, para evitar que haja uma “manipulação do sistema de provas”, em que, após o réu ter sido condenado, “busca modificar o pensamento que ao início foi dado”. “As oportunidades foram dadas, não podemos ficar à mercê do insucesso de um réu ou outro. Ou seja, se eu tive um insucesso vou denunciar, mais adiante tive benefício, então recuo na minha informação”, disse. “Se há ambiente novo de investigação, que se procedam nas investigações naturais”, acrescentou.

Desde que informações semelhantes surgiram na mídia conservadora – inicialmente em Veja, o panfleto direitista publicado pela família Civita – elas foram recebidas com reserva inclusive por ministros do STF, havendo a suspeita de que Marcos Valério estaria tentando criar uma situação para beneficiar-se de um eventual acordo de delação premiada, favorecendo-o no cumprimento das penas a que foi condenado. 

Com informações da Agência Brasil