Infraero terá verba recorde do Tesouro para Copa

o governo federal vai liberar para o próximo ano uma injeção recorde de dinheiro do Tesouro Nacional na Infraero, a estatal que administra os aeroportos federais. Segundo o detalhamento do projeto orçamentário em análise no Congresso, a empresa deverá receber R$ 1,7 bilhão, principalmente para obras a serem concluídas até a Copa do Mundo de 2014.

Trata-se de um valor 120% superior, já descontada a inflação, ao último grande aporte de recursos à estatal – R$ 565 milhões em 2007, quando o setor aéreo vivia uma crise provocada por uma sequência de acidentes e conflitos entre governo, militares e controladores de voo.

Segundo a Infraero, o valor previsto se deve à perda de capacidade de investimento da empresa após a concessão à iniciativa privada de três dos seus principais aeroportos – Guarulhos, Campinas e Brasília, que respondiam por quase 40% das receitas totais da estatal.

Neste ano, R$ 590 milhões haviam sido gastos até agosto.

Sem o dinheiro da União, não seria possível seguir com o programa que prevê obras em 21 aeroportos nos próximos anos. Só com as novas unidades em sedes da Copa, há R$ 2,3 bilhões a gastar.

A maior parte do dinheiro a ser injetado na Infraero virá dos pagamentos feitos ao governo pelos consórcios vencedores da disputa pela concessão de aeroportos.

Pelas contas feitas após o leilão, realizado em fevereiro, os consórcios deverão pagar à União ao fim do primeiro ano de contrato cerca de R$ 1,2 bilhão.

Segundo o Orçamento, R$ 1 bilhão dessa fonte será usado para ampliar a participação da União na Infraero.

Pelas intenções originais, a receita das concessões não deveria ser inteiramente gasta com a estatal.

Parte do dinheiro iria para um plano de aviação regional, voltado para aeroportos de menor porte administrados por Estados e municípios.

Mas, além de bancar as obras da empresa, os recursos do Tesouro serão aplicados nos aeroportos concedidos ao setor privado.

A Infraero receberá R$ 300 milhões para depositar sua parte no capital das sociedades que administrarão Guarulhos, Campinas e Brasília.

Pelo modelo da concessão, a estatal tem 49% de participação nessas sociedades -cerca de R$ 600 milhões a serem aportados em dois anos, a começar deste.

Esse capital será usado para investimentos, principalmente no início dos empreendimentos. Se a Infraero não cumprir o compromisso com os sócios, reduz sua participação na sociedade e a sua influência na administração dos aeroportos.

Com Folha de S. Paulo