Bolivianos se retiram de protesto pró-empresa brasileira

Os moradores de Guijarro e Arroyo Concepción, na província boliviana Germán Busch de Santa Cruz, suspenderam hoje as medidas de pressão contra o fechamento da siderúrgica brasileira EBX. Apenas em Puerto Suárez se mantém o

A suspensão do protesto se deveu à expectativa de que o governo Evo Morales licitará em breve, no próximo dia 30, o projeto de el Mutún.  El Mutún, também em Santa Cruz, pretende ser um ambicioso projeto metalúrgico e siderúrgico, usando como combustível o gás e não o carvão vegetal, como a usina da EBX.
O governo Evo Morales decidiu que a indústria brasileira não pode funcionar, por ferir a legislação ambiental e também a Constituição. Esta proíbe a instalação de empresas estrangeiras numa faixa de 50 quilômetros da fronteira (a EBX fica a 20 km de Corumbá, Mato Grosso do Sul).

"Paro" foi suspenso ontem

Um dia de “paro” (paralização) geral em todo o Departamento de Santa Cruz, marcado para ontem, também foi suspenso pelos seus promotores, do Comitê Cívico de Santa Cruz. A decisão se seguiu a várias horas de reunião com o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

A mobilização em Santa Cruz, que fica no Oriente, a parte amazônica e mais rica da Bolívia, vinha em um crescendo tendo como centro o caso EBX. O “paro”, porém, apresentava como reivindicação a garantia de mais servidores públicos nas áreas de saúde e educação. O governo cedeu à demanda e o movimento foi suspenso.

Os “cívicos” de Santa Cruz, como são chamados, mantém um comportamento hostil ao governo de Evo Morales – que garantiu sua vitória no Antiplano, a parte mais populosa e pobre do país. Congregando a elite local, o Comitê Cívico disse que a suspensão é condicional e o protesto pode ser remarcado. No entanto, o apoio à nacionalização do petróleo e do gás – que se manifesta tanto no Antiplano como no Oriente, contribuiu para esvaziar o movimento, que no passado chegou a apresentar contornos abertamente separatistas.

Com Rede Bolívia e agências