Seminário discute experiências internacionais de poder das mulheres

''No momento em que a pauta de discussão é a reforma política, um seminário desse nível abre nova possibilidade de debate'', avalia Liége Rocha do Comitê Central do PCdoB, que está em Brasília para participar do Seminário Trilhas Do Poder Das Mulheres:

A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), coordenadora da bancada feminina na Câmara, usou a tribuna da Casa para convidar todos os parlamentares para participar do evento que acontece durante toda esta quarta-feira (20) discutindo ''políticas afirmativas e trará, certamente, contribuições para a discussão da reforma política na ótica e no gênero que se dá nesses dias na Câmara dos Deputados'', afirmou.
 


O seminário internacional contará com a presença de representantes de vários países, dentre eles Argentina, Costa Rica, Bangladesh, Ruanda, além do Brasil e da Palestina. ''Esse seminário tem a finalidade de trocar experiências de vários países em políticas afirmativas'', explicou Erundina.



''A luta pela participação políticas das mulheres é mais antiga'', relembrou Eline Jonas, coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM), analisando o evento como ''um momento de salto de qualidade''. Segundo ela, ''as mulheres têm que ter mais espaço legal  que corresponda a nossa participação na sociedade''.



O pequeno percentual de participação das mulheres nos mecanismos formais do poder no País é um dos exemplos mais concretos da exclusão feminina. As mulheres são 51% do eleitorado brasileiro, ou seja mais da metade daqueles que estão habilitados a participar do sistema eleitoral. No entanto, a participação das mulheres nos cargos eletivos do poder no Estado brasileiro não chega a 9%.



As mulheres lembraram a luta travada em 1995, quando foi aprovada uma Lei de Cotas que garante atualmente 30% de candidaturas femininas no total de candidatos apresentados pelos partidos para os cargos nas eleições proporcionais (vereadores(as), deputados(as) estaduais e federais). Mas, as avaliações que vêm sendo realizadas apontam para a fragilidade dessa lei e a necessidade de sua reformulação.



Segundo Erundina, ''para nós, mulheres, esse é um momento especialmente importante na medida em que temos a possibilidade de aproveitar esse amplo processo de mobilizações que vem acontecendo em todo o país para as Conferências de Políticas Publicas para Mulheres(Municipais, Estaduais e nacional), para intervirmos na reforma política, para apresentarmos propostas consistentes que digam respeito a nossas demandas bem como a ampliação da democracia, com a criação de mecanismos que de fato possibilitem uma participação democrática de toda a sociedade brasileira''.



Experiências exitosas



O Seminário trará para conhecimento, discussão e análise as experiências exitosas de ações afirmativas internacionais como mecanismo de ampliação da participação das mulheres nos organismos do legislativo, explica os organizadores do evento.



A realização é uma parceria do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM/UFBa, Agende Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento – AGENDE, Projeto Mulher e Democracia/Casa da Mulher do Nordeste com a Bancada Feminina no Congresso Nacional e as Comissões de Legislação Participativa – CLP, de Seguridade Social e Família – CSSF, de Direitos Humanos e Minorias – CDHM, de Constituição e Justiça e de Cidadania – CCJ da Câmara dos Deputados.



O evento insere-se nas ações do projeto Trilhas do Empoderamento de Mulheres (Pathways of Women's Empowerment Research Programme Consortium), consórcio internacional que envolve Centros e Programas de Estudos sobre as Mulheres das Universidades de 13 países (Brasil, Gana, Serra Leoa, Nigéria, Egito, Palestina, Sudão, Iêmen, Bangladesh, Índia, Paquistão, Afeganistão e Inglaterra).



O projeto é desenvolvido com o apoio financeiro do Department for International Development (DFID) da Inglaterra e UNIFEM de Nova York. No Brasil o consórcio é coordenado pelo NEIM/UFBA em parceria com a AGENDE e o Projeto de Mulher e Democracia.



Programação



Dia 20 (quarta-feira)



MESA 1:
9 horas às 10h30min – Experiências de políticas de cotas na América Latina
Dra. Montserrat Sagot – Universidad Nacional de Costa Rica – experiências de cotas em Costa Rica;
Dra. Jutta Marx Sxutz- Coordenadora do Projeto PNUD FO/ARG/Argentina – experiência de cotas na Argentina;
Dra. Clara Araújo – Universidade Federal Fluminense/Brasil – avaliação do sistema de cotas no Brasil;
Marcela Rios Tobar – Centro de Estúdios de la Mujer – FLACSO / Chile – panorama do sistema de cotas na América Latina;
Coordenação: Deputadas Fátima Bezerra (PT/RN) e Nilmar Ruiz (DEM/TO)
10h30min às 12 horas – Debates



MESA 2:
14 horas às 15h30min – Experiências Internacionais
Dep. Juliana Kantengwa – Representante de Ruanda no Parlamento Pan-Africano – experiência de Ruanda e outros países da África;
Dra. Zarina Rahman Khan – University of Dhaka / Bangladesh – experiência dos países sul asiáticos;
Dr. Suha Barghouti – Birzeit University / Palestina – experiência dos países árabes
Dra. Julie Ballington – Programme for Partnership between Men and Women Inter-Parliamentary Union (IPU) – análise do panorama internacional e
Dep. Julie Morgan – Deputada do Reino Unido pelo País de Gales – experiência do Reino Unido.
Coordenação: Deputadas Elcione Barbalho (PMDB-PA) e Cida Diogo (PT-RJ)
15h30min às 16h30min – Debates



MESA 3:
16h45min às 18 horas – Síntese de Propostas: Sessão de Conclusão e Encerramento
Dep. Maria do Rosário (PT-RS): Síntese das propostas do Legislativo
Profa. Dra. Ana Alice Costa – Síntese das propostas do Movimento de Mulheres e Feminista
Marlene Libardoni – Síntese das experiências internacionais
Coordenação: Deputada Jô Moraes (PCdoB-MG)



De Brasília
Márcia Xavier