Líder Macuxí coordena Assuntos Indígenas do Ministério do Esporte

 O líder indígena da etnia Macuxí, Rivelino Pereira de Souza, 37 anos, assumiu, nesta quarta-feira (23), a Coordenação-Geral de Assuntos Indígenas do Ministério do Esporte. Professor e estudante de Pedagogia, Rivelino recebeu as boas vindas do ministro Aldo Rebelo, ao ser empossado. O novo coordenador afirmou que o esporte tem quebrado tabus como o da separação étnica. “Antes, índios de aldeias diferentes se isolavam. Hoje, os parentes estão mais unidos e se misturam graças a essa ferramenta”.

Líder Macuxí coordena Assuntos Indígenas do Ministério do Esporte

 Questões como a identidade cultural, relacionadas aos Jogos dos Povos Indígenas e a programas como o Segundo Tempo e o Esporte e Lazer da Cidade (Pelc) serão abordadas pelo novo coordenador-geral. A coordenação-geral de Assuntos Indígenas é vinculada à Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis), sob o comando do secretário Afonso Barbosa.

O Programa Esporte e Lazer da Cidade contempla, hoje, os povos Wai-Wai, Terena e Xavante, respectivamente no Pará, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e totaliza mais de 11 mil indígenas beneficiados com práticas esportivas tradicionais e eventos culturais.

Natural da comunidade de Contão, na região da Raposa Serra do Sol, no leste de Roraima, Rivelino Pereira atua na causa indígena desde jovem. A defesa de direitos como a garantia da terra e a qualidade de vida das comunidades indígenas sempre foram suas bandeiras de luta. É morador da Comunidade Indígena de Sorocaíma – II, na fronteira do Brasil com a Venezuela, localidade da região de São Marcos, que abriga mais 46 povoados dos povos Macuxi, Taurenpang e Wapixana.

Rivelino começou a atuar no movimento indígena em 1997, quando lutou, até 2003, pelo resgate do principal bem de sobrevivência de seu povo: terras indígenas que foram apossadas por fazendeiros. “Foi uma batalha difícil, porém conseguimos retirar os mais de 100 invasores”, conta.

Poder transformador

A preocupação com o alto índice de suicídios pela juventude de seu povo, originada pelo alcoolismo, uso de drogas e prostituição, o levou a tomar uma atitude. Como educador, conheceu de perto o poder de transformação do esporte. Durante uma assembleia de professores indígenas, Rivelino Pereira criou o Festival e Jogos Indígenas do Alto São Marcos (Fjecis), que acontece todos os anos. “Queríamos mostrar para todos os irmãozinhos que existe uma saída, que há uma vida linda pela frente”, argumentou.

O evento anual, que tem duração de uma semana, começou com o público infantil e foi se ampliando. Atualmente participam do Fjecis estudantes na faixa etária de sete a 18 anos, inscritos por suas escolas, e jovens das comunidades, a partir de 19 anos, em uma série de atividades que envolvem o esporte tradicional e apresentações culturais.

“As competições de futebol, atletismo, maratona e jogos autóctones, como arco e flecha, corrida de tora e zarabatana, colaboram e muito para o resgate da autoestima e garantem alegria ao nosso povo”, relata.

De 1998 a 2010, Rivelino participou ativamente de três edições do Encontro das Comunidades Indígenas da Venezuela, com participação especial do Brasil e Guiana. Foi coordenador da representação dos povos brasileiros da região Alto São Marcos – Roraima, garantindo o intercâmbio e a troca de experiência.

Carla Belizária
Do Ministério do Esporte