Vitória maiúscula da UJS no 8º Congresso da UEE-SP

O movimento ''Eu quero É Botar Meu Bloco na Rua'', liderado pela UJS, foi o grande vitorioso do 8º Congresso da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, realizado neste final de semana em Serra Negra.

Com amplitude política, a chapa encabeçada pelo ''Bloco'' agregou o apoio das correntes MR8, Democracia Socialista (PT), JPDT e Movimento Mudança (PT), somando 371 dos 497 votos da plenária final do Congresso e elegendo 13 dos 15 diretores executivos da entidade. O estudante da Unesp, Augusto Chagas, foi reeleito para mais dois anos à frente da UEE-SP.


 


''Vamos renovar os desafios da gestão que se inicia. Vamos chacoalhar o estado, impulsionando as lutas específicas nas universidades públicas e privadas. Onde o estudante estiver descontente ou sendo prejudicado, a UEE estará presente, apoiando e organizando a luta'', diz o presidente reeleito. ''O primeiro grande desafio será participar ativamente das manifestações programadas pela UNE nas universidades públicas, agora no dia 6. E, principalmente, temos que garantir uma grande participação de São Paulo no Congresso da UNE, em Brasília'', conclui.


 


Congresso representativo e bem organizado


 


''Estamos construindo um Congresso politizado e muito agradável. Queremos um movimento estudantil amplo, combativo, organizado e que demonstre que fazer política pode e deve ser bom e saudável'', afirmava Augusto Chagas, ainda na fase de organização do evento. Pelo que se viu, o objetivo foi cumprido a contento.


 


O 8º Congresso foi dos mais representativos e bem organizados da história da entidade. Quase a totalidade das grandes universidades do estado levou representantes ao Congresso. Mobilizações destacadas aconteceram, por exemplo, nas instituições particulares da Capital, como a Uninove, Uniban e Unip, presentes com grandes bancadas e muito participativas.


 


Com muitos espaços e variados temas de debate, animada programação cultural e boas condições de hospedagem e alimentação, os estudantes que foram a Serra Negra certamente têm agora um estímulo a mais para participar do movimento.


 


O ato político de abertura, no sábado pela manhã, contou com a presença de Aldo Rebelo e Plínio de Arruda Sampaio, dentre outras personalidades. Outro momento importante foi a comemoração dos 58 anos da UEE, que teve participação e homenagens a vários ex-presidentes da entidade, além do lançamento de revista sobre a história da UEE e do movimento estudantil paulista. De tarde, os estudantes foram divididos em grupos para discussão de temas como movimento estudantil, democratização dos meios de comunicação e cultura.


 


Pode-se dizer que o único momento de alguma tensão ocorreu quando o grupo ''Teatro Mágico'', alegando atraso na programação noturna, recusou-se a fazer sua apresentação e buscou indispor os estudantes com a organização do evento. No entanto, a insatisfação do público foi com o próprio grupo, já que este deliberadamente optou por não se apresentar. O incidente, porém, foi contornado e não ocasionou problemas posteriores.


 


Demarcação de campos na Plenária Final


 


A plenária final revelou a polarização de opiniões do movimento estudantil paulista. Em que pese o fato de que cinco chapas foram inscritas para a disputa, a demarcação política definiu três campos no Congresso. A chapa do ''Bloco'' e aliados, pautada por uma posição de independência em relação ao governo federal, disputa de rumos do projeto de reforma universitária e oposição ao governo estadual. De outro lado, a posição representada pelo MICA (Movimento Independente Comunidade Acadêmica), ligado ao PSDB. A insatisfação dos estudantes com os doze anos de governos tucanos no estado de São Paulo foi a tônica do embate, isolando o MICA. E o campo representado pela chapa do FOE (Frente de Oposição de Esquerda), ligada ao PSOL, que buscou estabelecer polêmicas pela esquerda, devido à postura de oposição a todo custo dessa corrente ao governo Lula e à proposta de Reforma Universitária.


 


A resultante foi a aprovação de todas as propostas defendidas pelo campo do movimento ''Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua'' e aliados e sua vitória maiúscula também para a diretoria da UEE-SP. Os estudantes de São Paulo demonstraram, mais uma vez, que não são afeitos ao sectarismo de alguns setores da esquerda e tampouco estão alinhados aos desmandos do tucanato neoliberal. Ao contrário, elegeram a opinião política mais calibrada, mais combativa e mais comprometida com a construção do movimento estudantil.


 


Fernando Borgonovi, pelo Vermelho-SP


 


Fotos: Jean Claude – W3