Movimento social se anima: captar os sinais ou correr atrás

PorMilton Alves *
O mês de maio terminou com uma série de indicadores de uma retomada do movimento social. A pergunta de muitos é a seguinte: será algo passageiro ou um sustentado ciclo de mobilizações populares? Nesta área, a premonição não funciona e

O ambiente político é favorável. Na América Latina, as administrações de Chávez (Venezuela), Evo (Bolívia), Correa (Equador) e Kirchner (Argentina) consolidam seus governos e adotam medidas mais afirmativas em defesa das suas populações, com impacto em todo continente.



O outro fator é de natureza econômica. A economia apresenta um certo aquecimento, certa perspectiva de crescimento, apesar da orientação neoliberal prevalecer na área econômica do governo de Lula, abrindo espaços para a luta por melhores salários, tanto na área do funcionalismo público como entre os trabalhadores da chamada iniciativa privada. Além disso, há anúncios de “projetos” do governo na área da previdência e das relações trabalhistas que ameaçam direitos dos trabalhadores.



Em maio, tivemos a jornada do dia 23, que mobilizou em atos e manifestações pelo país inteiro quase 2 milhões de pessoas. A retomada do movimento estudantil, com destaque para a ocupação da Reitoria da USP e de inúmeras mobilizações na área do funcionalismo público dos estados e da União. Também ocorreram mobilizações das centrais sindicais contra a famigerada emenda 3.



Ou seja, diferente do período de 2003 a 2006 – primeiro mandato de Lula – em que houve uma escala reduzida de mobilizações sociais. No momento, os sinais são mais consistentes e alentadores. A entrada em cena dos movimentos populares e sociais abre maiores possibilidades políticas para as forças de esquerda na disputa de rumos no país.



As lições de tática política que assimilamos e a experiência prática nos indicam: aproveitar as condições mais favoráveis; o estado de ânimo dos setores em luta; apresentar uma plataforma atualizada e conseqüente, isolando as forças vacilantes e as pseudo-radicais; e acumular energia para combates de maior envergadura. Tudo isso exige um exame mais rigoroso da realidade e de conhecer em maior profundidade os fenômenos sociais, os sujeitos históricos e suas potencialidades e subjetividades.



Portanto, a disjuntiva que fica é: ou captamos os sinais ou vamos correr atrás do vento – ficar no vácuo. Já que em política não existe espaço vazio.



Em tempo: gente, olha aí de novo o “anjo torto” emitindo seus sinais – greve dos metalúrgicos da CSN em Volta Redonda.



* Presidente estadual do PCdoB-PR e membro do Comitê Central do PCdoB; blog: www.miltonalves.com.br