Trabalhadores da CNM de Minas aderem à greve na segunda

Neste domingo (3), segundo dia de greve, os 7 mil metalúrgicos da CSN em Volta Redonda (RJ) receberam uma boa notícia. Os 1,4 mil trabalhadores do setor de mineração da mesma empresa em Casa de Pedra, em Congonhas do Campo, Minas Gerais também vão entrar

A adesão à greve na CSN de Volta Redonda alcançou altos índices no sábado: 80%, graças aos piquetes de convencimento nas cinco entradas da usina. Mas começou a recuar depois que a empresa usou a tática de abrir umas cem “entradas alternativas” ao longo do muro da imensa siderúrgica, a maior da América Latina, para estimular os fura-greves.



Cárcere privado na empresa



“A empresa está fazendo muita pressão até sobre as mulheres dos companheiros”, denunciou para o Vermelho Renato Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense. “O trabalhador que entra na CSN não pode sair mais”,


acrescentou; “fica lá dentro, em cárcere privado. Tem gente que está na empresa há 48 horas. Mandaram vir colchonetes até”, denuncia. Isso, admite Renato, “chegou a baquear” o índice de adesão à greve, que ele estima em 50%.



Nestas condições, a adesão dos trabalhadores da mineradora é um alento. Renato e o presidente do Sindicato Metabase dos Inconfidentes, Valério Vieira dos Santos, estão em contato permanente. A categoria reivindica 6% de produtividade, INPC e 33% de reposição salarial.



“Vamos deflagrar a greve amanhã, logo nas primeiras horas. Os empregados já estão mobilizados”, disse Valério para a edição eletrônica do jornal Diário do Vale. A greve foi decidida no sábado, durante uma assembléia que reuniu quase 90% dos empregados da CSN em Congonhas. Na votação, o movimento  teve a aprovação de quase 70% dos trabalhadores. O voto foi secreto, tal como em Volta Redonda, para evitar represálias da empresa.



O chamamento chassista de Roque Tarugo



Também de chamamento à solidariedade é o apelo de Roque Assunção, o Roque Taruigo, operário da Bahia que acompanha a greve em Volta Redonda como coordenador nacional do Ramo Metalúrgicos da CSC (Corrente Sindical Classista) e secretário de Políticas Sociais da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos).



“Companheirada, a greve dos trabalhadores da CSN está firme e coesa. Porém é preciso a solidariedade de classe. Os metalúrgicos de Volta Redonda  precisam do apoio classista. É preciso apoio logístico e pessoal. Os classistas devem se dirigir para o campo de batalha, o nosso exercito precisa ser reforçado. Esperamos o apoio.
Entrem em contato com o comando de greve”, escreveu neste domingo o Tarugo.



“O Benjamin não vai derrotar o Sindicato”



“É uma disputa, rapaz, uma operação de guerra”, relatou Renato. “O Benjamin não vai derrotar o Sindicato; a cidade está sofrendo com a política dele”, desafiou.



Benjamin, no caso, é Benjamin Steinbruch, do Grupo Vicunha, que comprou a CSN em 1993, quando a estatal-símbolo da industrialização brasileira foi privatizada. Tido como um desenvolvimentista nos debates sobre a política econômica do governo Lula, ele não facilita, garante o sindicalista de Volta Redonda,  quando se trata das relações entre capital e trabalho.



Renato mostra números em seu apoio. Diz que o preço de uma tonelada de aço, quando é produzida na CSN, tem apenas 8% de gastos em folha de pagamento. Em outras siderúrgicas, como a Cosipa, o índice é 13%; no caso do Grupo Gerdau, chega a 14,8%.



Dom Waldir irá à assembléia das 6h30



Quanto ao sofrimento da cidade com o arrocho dos salários na CSN, pode ser medida pela solidariedade popular ao movimento. Neste domingo, dia de ir à missa, Uma nota de apoio à greve feita pelo Conselho Pastoral das Comunidades Eclesiais de Base de Volta Redonda foi encaminhada para as 100 comunidades da cidade. A nota manifesta “solidariedade às justas reivindicações da classe”.



“Nossa Igreja não pode se omitir neste momento porque os trabalhadores têm direitos: a salários dignos, segurança, proteção social e saúde”, proclama a nota assinada pela coordenadora das CEBs, Julia Maria Bittencourt da Fonseca, e pelo padre Juarez Carvalho Sampaio, pároco de Volta Redonda.



O bispo benemérito dom Waldyr Calheiros, uma personalidade que se confunde com a história de Volta Redonda, também manifestou apoio ao movimento. Dom Waldir informou informou que às 6h30 desta segunda-feira vai comparecer à assembléia que será realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos.



A assembléia pode decidir novos rumos parta o movimento, examinados pelo comando de greve na reunião deste domingo, feita numa das barracas cedidas em solidariedade pelo MST, e montadas na Praça Juarez Antunes. Os sem-terra também estão ajudando nos piquetes. Reforços foram mobilizados nos acampamentos de Piraí, Valença e Quatis, nas redondezas de Volta Redonda.



Da redação, com agências