Suicídio de ministro sob suspeita debilita governo japonês

O suicídio do ministro japonês da Agricultura, Pesca e Florestas, debilita um pouco mais o governo do primeiro ministro Shinzo Abe, embora comentaristas no Brasil o tenham visto como um bom exemplo, de quem, ao contrário dos políticos brasileiros, ''leva

O ministro, Toshikatsu Matsuoka, enforcou-se nesta segunda-feira (28), em sua residência. Suicidou-se horas antes de uma audiência parlamentar em que falaria sobre seu envolvimento em diferentes episódios de arapongagem ilegal e financiamentos políticos via caixa dois. Até a morte, manteve o apoio do primeiro ministro, que rejeitou seus pedidos de demissão sublinhando seus méritos em matéria de política agrícola.



Dois suicídios, um constrangimento



Antigo funcionário da Agência Florestal, Toshikatsu Matsuoka entrou para o governo graças ao apoio de Shinzo Abe, de quem estava próximo. Sua nomeação contrariou os caciques do Partido Liberal Democrata, no governo, que argumentavam com sua reputação duvidosa.



Em outro desfecho trágico de um escândalo de corrupção, Shinichi Yamazaki, ex-diretor de uma agência semi-pública, a Japan Green Ressources, foi encontrado morto nesta terça-feira (29), no estacionamento do edifício onde morava. Aparentemente ele se atirou do seu apartamento, no sexto andar. O Japan Green Ressources vinha sendo abalado por um escândalo de licitações manipuladas.



Os dois suicídios criam um cenário constrangedor para o governo Abe, cuja imagem já fora arranhada em dezembro pela queda do ministro da Reforma Administrativa, Genichiro Sata, acusado de desvio de dinheiro público.



No plano externo, Shinzo Abe é mais questionado por sua postura de minimizar os crimes de guerra do militarismo japonês durante a 2ª Guerra Mundial. No livro Rumo a uma bela nação, que publicou pouco antes de se eleger primeiro ministro, em julho passado, Abe defende o ponto de vista de que os criminosos de guerra Classe A, condenados à morte após a derrota do Japão, não eram criminosos de guerra sob a ótica da lei japonesa. Em uma sessão do Parlamento, depois de eleito, questionou a extensão do emprego de escravas sexuais coreanas e chinesas por parte do exército nipônico. Também defendeu que o Manchukuo, regime implantado no nordeste da China durante a ocupação japonesa de 1932-1945, não era um Estado-fantoche.



Da redação, com agências