Quando o fato regional vira notícia na mídia?

Que critérios a grande mídia utiliza para levar ou não ao público informações regionais? No XII Colóquio Internacional de Comunicação um painel discutiu essa relação

Ontem, o XII Colóquio Internacional de Comunicação para o Desenvolvimento Regional (Regiocom) discutiu que critérios tornam fatos regionais notícias para o público das grandes mídias. Mais do que isso, de que forma eles chegam através desses grandes veículos. Complicado? Com o exemplo do professor Daniel Galindo, da Universidade Metodista de São Paulo, fica mais fácil entender do que falaram os especialistas no primeiro painel do dia.


 


A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém começou como uma manifestação cultural popular e espontânea e ganhou nova dimensão quando o gaúcho Plínio Pacheco tirou a encenação da rua, levou para um espaço fechado e passou a cobrar ingresso, há 40 anos. A virada veio com a contratação de atores globais nos papéis títulos. A tradição virou fenômeno de público, festa de multidão, chegando a receber 72 mil pessoas em 2007.


 


“Para garantir audiência tem que ser belo, ser espetáculo o tempo todo e para isso se alteram as formas. É uma mecânica repetida, aparentemente são manifestações diferentes, mas partem dos mesmos princípios”, critica Daniel. Maneiras alternativas de fazer o local chegar para o grande público conseguem burlar essa descaracterização. Carmen Gómez Mont, da Universidad Nacional Autonoma de Mexico, apresentou o caso dos grupos indígenas que acompanha.


 


Eles descobriram na internet um meio de comunicação capaz de retratá-los sem cair em estereótipos. A fidelidade à mensagem está intrinsecamente ligada ao fato de que os próprios índios cuidam de suas páginas na rede. “O movimento de criar sua própria imagem na net é uma reação ao estereótipo criado na TV onde só apareciam como grupos atrasados, incapazes de se desenvolver”, disse em sua apresentação.


 


Os fenômenos de comunicação populares configuram uma área de estudo específica, a Folkcom. O conceito e a metodologia foram criados no Brasil pelo comunicólogo Luiz Beltrão. “O cordel e a cantoria popular, por exemplo, traduzem a interpretação da notícia veiculada pela grande imprensa na expressão popular”, explica a presidente da Rede Folkcom – Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação, Betania Maciel, a terceira a falar.


 


O professor da Universidade Federal do Ceará Casemiro Neto chamou a atenção para a necessidade de mais estudos acerca da recepção do que é veiculado. “Audiência é muito diferente de recepção. O primeiro é quantitativo, o segundo, qualitativo”. Hoje, último dia de Regiocom, a discussão parte da seguinte pergunta: Regionalização Midiática e política: que processos interessam ao controle social?


 



FIQUE POR DENTRO
Um dos sites criados por grupo indígena mexicano: www.xiranhua.com.mx
www.prex.ufc.br/regiocom


 


Fonte: O Povo