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Walter Sorrentino: “Precisamos falar mais para a sociedade”

O trabalho organizativo e de construção partidária do PCdoB ganha em 2012 um papel ainda mais destacado na vida de seus quadros e militantes. As comemorações dos 90 anos do PCdoB e a realização das eleições municipais — em mais de 5,5 mil municípios brasileiros — formam os principais pilares da atuação do Partido este ano.

Por Mariana Viel

Walter S

O secretário nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino, define o processo eleitoral como um ponto determinante do processo organizativo do Partido este ano. “A primeira estaca de todo o processo que pensamos é de fato preparar e mobilizar o Partido para a vitória eleitoral. O PCdoB vem preparando esse projeto político afirmativo há dois anos. Tudo que fazemos é construir o Partido para a luta política”, explica o dirigente.

A participação nas eleições municipais deverá reforçar ainda mais o protagonismo político do Partido no cenário nacional. Com candidaturas próprias em 10 grandes capitais brasileiras e em diversos municípios de médio e pequeno porte, o PCdoB promete firmar importantes marcas no pleito. Walter cita a expressiva votação do Partido em 2010, na disputa para o Senado — quando o PCdoB foi o 4º mais votado, atrás apenas do PT, PSDB e PMDB. “Não estou dizendo que somos o 4º partido mais forte, mas esse tino político e a capacidade de nos concentrarmos em torno de determinadas batalhas dão a ideia de nossa força. Acumulamos força para ter 10 candidatos competitivos em 10 importantes capitais. Não dá para lidar com o PCdoB como um partido pequeno”.

“Precisamos falar mais para a sociedade, por isso as eleições são tão importantes. O Partido tem que amplificar a capacidade de falar de tudo que se orgulha para a sociedade. Qual é o Partido que tem 90 anos, tem uma base teórica bem definida, tem um Programa exequível e uma estrutura e princípios organizativos do tipo do PCdoB?”.

90 anos do PCdoB

Mas 2012 representa ainda um marco na história do Partido — que completa no próximo dia 25 de março 90 anos. Ao lado das eleições, foi pensado um intenso processo de afirmação das convicções, da ideologia e da política PCdoB em todo o país. "É o partido mais antigo do país e creio que seja também o mais maduro do Brasil — em termos de saber o que quer e o que fazer para alcançar seus objetivos".

O extenso calendário de comemorações inclui uma variada programação política, cultural e de estudo da própria história do PCdoB. "Estamos pensando em uma ampla mobilização, que reforce a organização partidária. Em função dos 90 anos e das eleições, construímos o projeto de construção partidária para 2012. Vai ser um processo de intenso trabalho ideológico e de mobilização — voltado para o reforço da estrutura organizativa do Partido”.

“Fazemos um grande esforço para sermos fiéis a esse legado que acumulamos em 90 anos de luta e ao mesmo tempo sermos fiéis ao povo trabalhador, à nação e à luta pelo socialismo em nosso país”.

Reforço ideológico

A meta de reforço do trabalho ideológico prevê que todo o Partido passe pelo Curso do Programa Socialista. Do ponto de vista organizativo a estaca central é persistir nas definições retiradas do 7º Encontro Nacional Sobre Questões de Partido — definida por Walter como “uma obra para um período histórico da construção partidária”.

“Em matéria organizativa, os objetivos do 7º Encontro, falam da necessidade de dirigirmos crescentemente o Partido por meio da política de quadros e a partir dela fortalecer a vida militante de base. Quem acompanhou os debates entende bem que essas duas coisas combinadas significam uma revolução, que chamamos de um novo modo de direção organizativa. É um assunto complexo e vamos nos dirigir de novo às direções dos grandes municípios com essa missão. É a partir deles que queremos fortalecer esse caminho".

A necessidade permanente do reforço ideológico também está diretamente associada ao crescimento do Partido. Em 2011, durante o processo de conferências municipais o número de militantes participantes da vida partidária cresceu mais, proporcionalmente, do que o número de filiados inscritos. "É um movimento importante que mostra o estilo do militante do partido. Evidentemente que o trabalho ideológico é voltado para a ideia de vida militante – desde a base. É um partido que, na luta, se mobiliza mediante as suas organizações”.

O dirigente nacional reforça que o Partido está em franco crescimento, e que é uma força respeitada — com forte adesão popular. Em números reais, a meta do PCdoB é alcançar a marca de 400 mil filiados este ano. Segundo Walter, esse crescimento deve estar associado ao trabalho de educação. “O Partido se abriu muito, o que é ótimo. Entra muita gente jovem, da sociedade, do empreendedorismo, da cultura, da ciência e sem uma mentalidade mais aprofundada da ciência política e dos fundamentos marxistas e leninistas. Isso é normal. O que não seria normal era deixarmos de fazer um intenso trabalho de educação dentro do Partido. Essa abertura não significa diluição teórica, política ou organizativa.”.

Programa Socialista

O vértice do esforço de formação dessa nova e ampla militância comunista brasileira é o Programa Socialista do PCdoB. Para Walter, o documento reúne todo o conteúdo da luta política e da própria formação teórica e ideológica do Partido. O Programa se aproxima da realidade concreta, que diz respeito à experiência imediata do próprio militante. O documento indica a luta pelo socialismo (que é o rumo) e o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (o caminho).

“O documento mais elevado da vida partidária é o Programa pelo qual lutamos. Ele é assimilável por qualquer cidadão brasileiro. O Curso do Programa Socialista deve mobilizar de novo todas as bases que se organizaram para as conferências do ano passado”.

Mobilizações

Entre 2009 (ano do 12º Congresso) e 2011, a mobilização de base do PCdoB nas grandes cidades cresceu 240% — passando de 830 para cerca de 2400 bases organizadas. Em 2011 o PCdoB cresceu 34%, segundo os critérios de números de filiados e militantes. "Somos um Partido que tem um apelo popular, social, político e cultural".

O secretário nacional de Organização diz que a vantagem de trabalhar planejadamente é substituição das urgências pelo que é importante. “Começamos o ano com um plano, o que também acho muito importante. Devemos regular planificadamente a atividade do Partido. Nosso plano foi divulgado para o todo o Partido para fazer convergir os esforços. É uma agenda de uma pauta nacional que vale para todo o país — com as diferentes características que cada estado tem”.

Do ponto de vista organizativo, segundo o dirigente nacional, “a mosca do alvo” é a instituição de fato dos departamentos de quadros ligados aos 27 estados brasileiros. "É preciso dotá-los de um plano de trabalho na direção do Plano Nacional. Vamos fazer uma reunião entre os departamentos de quadros em março, no Rio de Janeiro. A partir desses pontos de apoio vamos insistir num novo modo de direção organizativa".

Os ataques

Em outubro de 2011, falsas denúncias dirigidas ao ex-ministro do Esporte Orlando Silva e ao PCdoB provocaram uma forte reação da base militante do Partido. Os ataques se transformaram em uma forte campanha da mídia conservadora brasileira e da oposição para atingir a integridade do Partido e tentar frear seu crescimento.

De acordo com Walter, as agressões se revelaram um grande teste para o Partido. “Como uma estrutura de 300 mil filiados e 130 mil militantes se mantém firme? Porque confia na orientação política e porque tem uma política de organização e formação que dá consistência. São pessoas que vivenciam a realidade política e sabem que aquelas denúncias eram mentiras. O Partido reagiu em uníssono, o que demosntra também grande espírito político”.

“Como uma pessoa poder ter confiança na orientação política se não estiver suficientemente informada? Como é que um militante pode estar suficientemente informado se o Partido não tiver uma vida interna democrática e organizada? Uma coisa leva à outra. Se a pessoa acha que o dirigente está separado da massa de militantes e não há informação, transparência e democracia no debate interno isso não acontece”.