Renúncia de Silas Rondeau desperta cobiça de partidos

A renúncia do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau levou um clima de crise à base aliada hoje, e despertou o interesse de partidos que buscam recuperar ou manter espaço no Governo. O presidente Lula parece estar decidido a manter o ministério na ''c

Renúncia de Silas Rondeau desperta cobiça de partidos


 


Silas Rondeau renunciou na noite de terça-feira devido a suspeitas da Polícia Federal (PF) de que um assessor próximo a Rndeau teria recebido propina de R$ 100 mil da empreiteira Gautama, envolvida com fraudes em licitações de obras públicas.


 


Além de se transformar em um novo escândalo após a crise do mensalão, a saída do ministro revelou algumas rupturas na base governista.


 


Como o partido aliado de maior peso é o PMDB, ao qual Silas Rondeau está diretamente ligado embora não filiado, o partido quer manter uma das pastas mais estratégicas para os planos de desenvolvimento do Governo. O padrinho político do ex-ministro é o senador ex-presidente José Sarney. Depois que o próprio Sarney recomendou a Rondeau que renunciasse, o PMDB apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva alguns nomes de possíveis substitutos.


 


No entanto, o PT também propôs candidatos. O partido vê a saída de Silas Rondeau como uma oportunidade para recuperar o espaço e a influência que perdeu para os peemedebistas.


 


O Ministério de Minas e Energia é chave para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apresentado em janeiro por Lula e que prevê investimentos públicos de R$ 470 bilhões até 2010. Cerca de 55% dos gastos serão responsabilidade do Ministério.


 


O PT não divulgou os nomes indicados, mas assegura que existe uma lista de três candidatos. O partido foi o único que pediu a renúncia de Silas Rondeau depois vieram a público as suspeitas da PF.


 


''Rondeau prestou um bom serviço ao Governo do ponto de vista técnico, mas o ideal é que ele se afaste do cargo, pelo menos até que se esclareça sua responsabilidade'', disse ontem o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Os líderes da oposição não se manifestaram.


 


Lula manteve silêncio sobre o assunto, No entanto, políticos próximos ao presidente disseram que, como costuma fazer em momentos de crise, ele agirá com ''calma'' para não gerar problemas com nenhum partido da base.


 


Mas para evitar um racha entre partidos aliados, o Palácio do Planalto, segundo especulações da imprensa, já teria decidido que o novo ministro de MInas e Energia continuará na cota do PMDB do Senado. O partido e o presidente Lula buscam um nome com perfil técnico, como era considerado Silas Rondeau.


 


Por enquanto, Lula decidiu que a vaga será ocupada interinamente pelo vice-ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, homem de confiança da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, coordenadora do PAC.


 


A oposição, por sua vez, exigiu de Lula rapidez na nomeação do novo ministro. ''O país não pode ficar parado'', disse o deputado Márcio Junqueira (DEM-RR). Segundo ele, a decisão é esperada por centenas de investidores e não pode estar sujeita a ''problemas partidários''.


 


A renúncia de Silas Rondeau, junto com as investigações da Operação Navalha da PF, já repercute no Congresso. Teme-se a liberação de uma ''lista'' de parlamentares que estariam ligados às mesmas fraudes em licitações.


 


A preocupação foi admitida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele anunciou hoje que pediu à Justiça os documentos referentes às investigações, para comprovar se a lista existe.


 


A oposição, que se mostra cautelosa, decidiu promover a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para averiguar suspeitas em obras públicas detectadas pela PF em dez dos 27 estados brasileiros.


 


Fonte: EFE