Decisão de Morales é justa e corajosa, diz secretário comunista

Em entrevista ao Vermelho, José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), afirmou que a nacionalização dos hidrocarbonetos anunciada ontem pelo presidente

Morales assinou ontem o “Decreto Heróis do Chaco” em que determina que o Estado recupera a "propriedade, posse e o controle total e absoluto" das reservas de gás e petróleo do país. Toda extração de reservas do país deve ser repassados para a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). As empresas estrangeiras que exploram os recursos na Bolívia, entre elas a Petrobras, tem o prazo de 180 dias para se adaptarem às novas medidas.

                                                           

Segundo o dirigente comunista, o decreto “constitui uma vitória histórica do povo boliviano, cujas riquezas foram saqueadas pelos governos neoliberais e o imperialismo ao longo de muitas décadas”. Carvalho destaca ainda que é uma decisão “soberana que corresponde aos interesses nacionais da Bolívia, que deve ser saudada pelas forças progressistas brasileiras e respeitada pelo nosso governo, ainda que ponha em causa interesses comerciais da Petrobrás”.

Após o anúncio da nacionalização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião em caráter de urgência, para esta manhã, com o objetivo de discutir as medidas que serão tomadas pelo país. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, participam do encontro o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeou, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli e o ministro interino de Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.

Sobre a reação brasileira, Carvalho garante que a “vitoriosa política externa do governo do presidente Lula encontrará os meios e modos de contornar as eventuais dificuldades comerciais e financeiras acarretadas pela  decisão” do governo boliviano. Mas também ressalta que é importante “pôr a política no posto de comando e continuar apostando na opção estratégica da solidariedade e da integração latino-americana”.

Para o dirigente comunista, “as vozes que se levantam contra as justas medidas do governo do presidente Morales são as mesmas que defendem a Alca [ Área de Livre Comércio das Américas], o neocolonialismo e a subordinação dos interesses do Brasil e da América Latina aos interesses do Imperialismo norte-americano".

A Petrobras ingressou na Bolívia no final de 1995 e é responsável por 20% dos investimentos diretos no país e por 18% do Produto Interno Bruto (PIB) boliviano. Entre 1997 e 2000, a estatal brasileira construiu o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Por esse gasoduto, o Brasil importa até 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural da Bolívia.

Da Redação