Chávez anuncia nova emissora para substituir a golpista RCTV

O governo venezuelano oficializou nesta segunda-feira (14) a criação da rede de televisão que substituirá o canal privado RCTV – cuja licença de transmissão não será renovada em 27 de maio. O novo canal, batizado Teves, será vinculado ao Ministério d

A criação da Fundação Televisora Venezuelana Social foi oficializada por um decreto presidencial. O novo canal entrará no ar a partir do dia 28 de maio, um minuto depois da saída da RCTV. A diretoria da nova emissora será designada pelo ministério da Comunicação, informou o próprio ministro da pasta, William Lara.


 


O novo canal será “aberto às diversas correntes de pensamento do país, nos âmbitos político, social e filosófico, e às expressões e manifestações culturais do país, onde a produção nacional independente é fundamental”, sustentou Lara.


 


A decisão de não renovar a concessão da RCTV, depois de 53 anos no ar, foi anunciada em dezembro pelo presidente Hugo Chávez, que denunciou o “golpismo” do canal. A RCTV foi a principal emissora a divulgar boatos e notícias anti-Chávez durante o golpe de 2002 que, por dois dias, tirou o presidente do poder.


 


Pela democratização


 


A medida de Chávez ganha ares de coragem, na medida em que 70% da população venezuelana é contrária ao fechamento, conforme recente pesquisa de Datanálisis. A criação da Teves, mais do que uma compensação, dará impulso ao projeto chavista para democratizar a mídia.


 


Em vez da programação elitista e subordinada aos interesses americanos, a população poderá acompanhar atrações vinculadas às suas tradições, com amplo espaço para a diversificação. O jornalismo praticado pela RCTV é um dos mais tendenciosos da América Latina, com direito a esculhambações de vários cunhos – políticos, sociais, pessoais, culturais.


 


“Quem já esteve na Venezuela sabe muito bem: liberdade de opinião é tudo o que há. Nas rádios e emissoras de televisão comerciais, o presidente Hugo Chávez é xingado, humilhado, destratado e desmoralizado”, descreveu Elaine Tavares, em artigo publicado no Vermelho. “As palavras usadas pelos jornalistas são de uma violência sem par. E ainda assim, ali estão, eles e elas, a disseminar suas diatribes, sem que ninguém lhes impeça. Não há censura de nenhuma espécie.”


 


A reação conservadora


 


Um peqeuno grupo de funcionários da RCTV pediu nesta segunda-feira ao Tribunal Supremo (TS) que emita uma sentença definitiva para o caso. Na quinta passada, diretores e funcionários da empresa entraram com um recurso de anulação perante o Supremo, que ainda não se manifestou sobre o tema.


 


Com cartazes e camisetas estampados com os dizeres “Não ao fechamento”, os funcionários da RCTV se reuniram em frente à sede do TS e entregaram um documento aos magistrados.


 


Segundo as leis venezuelanas, o espaço radiofônico é propriedade do Estado, administrado mediante uma entidade autônoma – a Administração Nacional de Telecomunicações (Conatel).


 


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