Moradores das Favelas do RJ protestam contra a PM

No oitavo dia de ocupação da Polícia Militar na favela da Vila Cruzeiro, cerca de 300 moradores da região foram às ruas pedir paz. ''Ninguém aqui está contra a polícia'', explica Pedro Antônio da Costa, presidente da Associação de Moradores da Chatub

Os tiroteios entre Polícia Militar e suspeitos está prejudicando o funcionamento das escolas do entorno da Vila Cruzeiro. Hoje (8), 4,8 mil alunos de seis escolas e três creches municipais tiveram as aulas suspensas pelos tiroteios. A Comlurb, empresa municipal de limpeza, também interrompeu a coleta de lixo nas áreas de confronto, desde a última quinta-feira (3). “As crianças querem ir ao colégio e os adultos querem trabalhar pacificamente”, reclama Antônio da Costa. “As kombis pararam de rodar, os ônibus não vão mais até o ponto final por causa da guerra''.


 


O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirma que a ação ainda deve continuar por tempo indeterminado.


 


No início da tarde, houve troca de tiros entre policias e traficantes. A dona de casa Antônia Dalva dos Santos, de 32 anos, foi atingida de raspão por estilhaços de bala no braço direito, quando tentava proteger um dos cinco filhos. ''É uma dor horrível. Há dez anos, minha filha, dormindo dentro de casa, morreu atingida por uma bala perdida. Se ela estivesse aqui, teria 15 anos''. Segundo ela, ''quem mora em comunidade não pode nem sair de casa''.


 


Com o ferimento de Antônia Dalva dos Santos, sobe para 40 o número de feridos na operação da Polícia Militar e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na Vila Cruzeiro. De acordo com a diretoria do Hospital Getúlio Vargas, oito pessoas continuam internadas e sete já morreram desde o início das ações policias no Complexo do Alemão.