TV Pública: os pensamentos afinados de Franklin Martins e Gil

A abertura do 1º Fórum Nacional de TVs Públicas nesta terça-feira (8), em Brasília, revelou a convergência de idéias dos ministros Gilberto Gil, da Cultura (MinC), e Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social (SCS). Tanto o músico quanto o j

''Para construirmos uma TV pública, temos que ter um modelo de gestão que tire da mão de qualquer palácio o centro das decisões'', afirmou Franklin. ''O governo tem peso fundamental e lidera esse processo. Mas não faz isso para ter uma TV para ele – e, sim, para construir uma TV pública.''


 


Franklin comentou propostas em estudo pelo grupo de trabalho interministerial, coordenado por ele, para construir a futura rede de televisão pública. Sobre o modelo de financiamento, defendeu opções de financiamento para dar independência. ''Um modelo que, ao lado de recursos orçamentários, contemple outras formas, como prestação de serviços e patrocínio. Isso vai dar certo? É complicado, vai nos criar problemas, mas precisamos travar a discussão desde a largada.''


 


Em relação à forma de dirigir a rede, Franklin reiterou que o modelo de gestão da TV pública precisa ter participação da sociedade, principalmente na criação de conselhos. ''Evidentemente, temos as diretorias executivas que dirigem a TV. Mas temos de ter conselhos, que fazem papel assim de um grande conselho de ombudsman, fazendo uma certa fiscalização dos objetivos centrais da missão.''


 


Programação


 


A proposta da rede pública, segundo o ministro, também deve buscar uma programação conjunta com emissoras estaduais a partir de uma estrutura nacional. ''Em primeiro lugar, temos que nos abrir para uma programação em conjunto com os estados'', opinou, ressaltando que a TV pública terá ''um eixo dorsal, uma coluna vertebral que vai se dar a partir da unificação da estruturas que o governo federal (TVE e Radiobrás)''.


 


Franklin ainda defendeu a abertura da TV pública para a produção independente do país. ''Penso que tenha em torno de 4 a 5 horas diárias de produção independente. Vocês podem imaginar o que é cerca de 30 horas de produção independente – o que isso significa em termos de explosão de criação de talento, de gente que não encontra espaço em outro lugar aparecer.''


 


Já Gilberto Gil, antes da abertura do fórum, disse que existem instrumentos utilizados no Brasil que podem assegurar a independência de um canal de comunicação. O músico-ministro admite que a manipulação governamental do conteúdo é um risco que todos correm.


 


Segundo ele, o conceito principal é que já existem setores em que há uso do recurso público e cujos produtos são utilizados por todos. ''Se vai haver aqui e ali a existência de uma televisão de um determinado estado que está sujeita à manipulação governamental de um determinado governante, isso é um risco que nós todos vamos ter que correr o tempo todo.''


 


Mecanismos


 


A exemplo de Franklin Martins, Gil cita que a existência de conselhos, com participação da sociedade civil, e a gestão compartilhada são mecanismos para evitar influências políticas.


 


O 1º Fórum Nacional das TVs Públicas reúne membros do governo, da sociedade civil e de emissoras públicas, educativas e comunitárias em torno do debate sobre o modelo de televisão pública do país. O encontro é organizado pelo Ministério da Cultura, Radiobrás, TVE – Rede Brasil, Gabinete da Presidência, Secretaria de Comunicação Social e entidades representativas do setor.


 


Da Redação, com informações da Agência Brasil


 


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