Eliane Cantanhêde, a porta-voz do PSDB

Em seu blog na Internet, Eduardo Guimarães, leitor crítico do jornal paulistano Folha de S.Paulo, revela os laços que ligam a colunista Eliane Cantanhêde ao PSDB, por meio de seu marido Gilnei Rampazzo, um dos donos da GW, a produtora que cuidou das últim

A coluna da jornalista Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de sexta-feira (27) deve ser lida com muita atenção, porque deslinda o que se esconde por trás da sofreguidão da oposição e da imprensa tucano-pefelistas de verem instalada a CPI do setor aéreo. Antes de prosseguir — e como hoje estou com mais tempo —, vou lhes fazer um relato minucioso de curiosidades sobre a, digamos, relação amistosa que mantive com essa jornalista e com a Folha até que sofressem a mutação que sofreram depois que o filho do dono do jornal, o Mauricinho Otavio Frias Filho, se desentendesse com Lula durante a campanha eleitoral de 2002.


 


Foi em 2000 que mantive os primeiros contatos com Cantanhêde, por e-mail. Eu era leitor neófito da Folha e estava encantado com o jornal, porque vinha de quase três décadas de leitura do Estadão, que comecei a ler porque era hábito de família muito antes de eu nascer, e a Folha, então, revelara-se um jornal um pouco diferente.  Praticava  o equilíbrio e a pluralidade numa medida que hoje percebo muito inferior à mínimamente necessária, mas para quem, como eu, era leitor de um Estadão – jornal que tinha e tem por princípio censurar e / ou distorcer, sistematicamente, notícias e opiniões de que não gosta -, a Folha parecia um oásis.



A colunista Cantanhêde, naquele tempo, não tinha os notórios interesses no PSDB que certos fatos mostram que tem hoje, interesses sobre os quais tratarei mais adiante. Assim sendo, imagino que colocava sua imagem em primeiro plano e, por isso, escrevia com um certo equilíbrio. Era diretora da sucursal da Folha em Brasília e, nessa condição, mantinha contatos muito próximos com fauna política do planalto central. Por isso, quando começou a responder e-mails que eu enviava à Folha com cópia para ela e para vários outros jornalistas daquele veículo e de outros, fiquei satisfeito, porque, agora, tinha interlocução com alguém que sempre tinha algo interessante a dizer.



No ano seguinte (2001), devido ao fato de que passei a ser publicado duas, três vezes por mês no Painel do Leitor da Folha — tornando-me, segundo informações da própria Folha, um de seus leitores mais publicados —, fui convidado para participar de um evento comemorativo dos 80 anos de existência do jornal, um ato multirreligioso no auditório “Sala São Paulo”, na praça Júlio Prestes, no centro da capital paulista. Foi lá que, pela primeira vez na vida, vi um político de perto, por incrível que possa parecer, e foi lá, também, que conheci Eliane Cantanhêde pessoalmente.



A partir dali, os contatos, por e-mail, com jornalistas da Folha tais como Eliane Cantanhêde ou Clóvis Rossi, entre outros, tornaram-se constantes. Passei a ser bastante prestigiado pela Folha. Vez por outra, era convidado para os costumeiros eventos que o jornal promove não só em sua sede, na rua Barão de Limeira, no centro de São Paulo, como no Teatro Folha, num shopping que, ironicamente, fica nas cercanias do apartamento de Fernando Henrique Cardoso, no bairro paulistano de Higienópolis.



Uma curiosidade: em 2002, ano em que mídia e alto empresariado tentaram um golpe de Estado na Venezuela, eu viajara àquele país a negócios e, sabendo disso, Cantanhêde me pediu para levantar informações sobre o processo político no país. Consegui, então, graças a um de meus clientes naquele país que militava na oposição a Hugo Chávez, participar de uma reunião dos partidos de oposição que ocorrera na cidade de Valência, no Estado de Carabobo, gastando tempo para levantar as informações que a jornalista “minha amiga” havia pedido.



Depois que estourou a crise política do governo Lula em 2005, vendo os espasmos golpistas da oposição e da imprensa tucano-pefelistas se avolumarem e se agigantarem de forma assustadora, comecei a questionar a imprensa com veemência proporcionalmente crescente aos malfeitos praticados pelos grupo de conspiradores a que ela se somou. Foi aí que a “amiga virtual” Eliane Cantanhêde — e outros da Folha — começaram a agredir leitores como eu, que tanto haviam prestigiado, e a chamá-los de “idiotas de plantão” e de “descerebrados” por denunciarem o escandalosamente evidente complô de políticos e de grandes órgãos de imprensa que visava, se não derrubar Lula, ao menos fazê-lo “sangrar em praça pública” até a eleição do ano seguinte.



Irritada com minhas críticas, que alguns dizem certeiras, Cantanhêde chegou ao ponto de, usando sua coluna na página A2 da Folha, atacar-me nominalmente, valendo-se da ridicularização, a estratégia dos pobres de espírito para desqualificarem seus desafetos. Leiam o trecho que importa da coluna da jornalista intitulada “Neo-PT”, publicada em 28/08/2005:



“(…) Se você estiver procurando quem defenda o PT, o governo e Lula com unhas e dentes, é melhor esquecer o próprio partido (…) que tal ler um sujeito que se assina como “Caia Fitipaldi” na internet? Ou, ainda, um outro que manda não sei quantos e-mails diariamente para os jornais, o Eduardo Guimarães?”



Depois descobri que Caia Fitipaldi é mulher, uma acadêmica e intelectual de esquerda. Cantanhêde, contrariando todos os preceitos do bom jornalismo e agindo com covardia inigualável, supôs que Caia era homem e, assim, a (des)qualificou numa coluna publicada no maior jornal do país, e falou sobre mim como se eu fosse um estranho. Claro que perturbei a Folha até que me desse direito de resposta e a publicasse no seu Painel do Leitor, mas o episódio mostra toda a fraqueza moral e profissional de Eliane Cantanhêde, que se agrava diante de denúncia sobre as razões dela para ter-se atucanado até alma e que foi feita pelo enfant terrible da Veja, Diogo Mainardi, e publicada na revista. Vejam o que Mainardi revelou sobre ela:



“Eliane Cantanhêde, chefe da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo, é mulher de Gilnei Rampazzo, um dos donos da GW, a produtora que cuidou das últimas campanhas eleitorais de Geraldo Alckmin e de José Serra. Gilnei Rampazzo é sócio de Luiz Gonzales, o marqueteiro escolhido pelo PSDB para coordenar a campanha presidencial de Geraldo Alckmin”.



Os fatos falam por si. Fica difícil imaginar que os rios de dinheiro que o marido de Cantanhêde certamente recebe dos tucanos, sendo marqueteiro deles, não foram a causa da interrupção das críticas ácidas que ela fazia ao PSDB e do desencadeamento de ataques virulentos que passou a fazer a Lula e ao PT. Por isso, a coluna dela de hoje, que mencionei no início deste texto, deve ser lida como um comunicado de alguém que se tornou um dos mais fiéis porta-vozes do PSDB e, particularmente, de José Serra. A coluna em questão trata do que o PSDB e o PFL pretendem com a CPI do setor aéreo.


 


Estejam certos de que Cantanhêde sabe do que está falando. Ela decifrou para nós exatamente o que pretendem PSDB, PFL e imprensa com a CPI do setor aéreo. O excesso de arrogância e o “sabugismo”, a vontade de mostrar serviço, parecem ter levado a colunista da Folha a entregar o ouro. Quem se informa, tem cérebro para pensar sozinho e, portanto, sabe o que está acontecendo na política deste país, recebeu um presentão de Cantanhêde e de seu empregador formal. Agora, bastará acompanharmos o script que a porta-voz tucana tão gentilmente nos ofereceu.



Leia a coluna de Eliane Cantanhêde, reproduzida pelo Fonte Brasil