Paulo Markun, um jornalista no comando da TV Cultura

A Fundação Padre Anchieta (FPA), responsável pela TV Cultura, divulgou nota oficial nesta quinta-feira (19) informando que o atual presidente da emissora, Marcos Mendonça, desiste de disputar as eleições marcadas para o dia 7 de maio em favor do jornalist

O estado aporta cerca de R$ 80 milhões anuais na emissora pública, que teve um orçamento total de aproximadamente R$ 160 milhões no ano passado. O principal articulador da troca de comando na TV Cultura foi o atual secretário da Cultura de São Paulo, João Sayad. Em entrevista na terça-feira, ele disse que Markun é “a cara da TV Cultura” e que seu nome era do agrado do governador José Serra.


 


O acordo que culminou com a desistência de Mendonça foi celebrado na quarta-feira, com a presença de 16 dos 47 conselheiros da fundação (além do presidente do conselho, Jorge da Cunha Lima, e do próprio Mendonça). O atual presidente sai depois de cumprir três anos de mandato, o que quebra uma tradição.


 


Seus antecessores, Roberto Muylaert e Jorge da Cunha Lima, foram reconduzidos diversas vezes. Ele foi diplomático em sua nota, mas deixou o entendimento de que houve pressão decisiva que pesou em sua decisão, embora não a explicite.


 


“É público, tendo inclusive sido amplamente divulgado na imprensa, a predileção por outro nome para a direção da FPA (Fundação Padre Anchieta)”, afirmou. “Sendo assim, avalio que hoje, tendo concluído o trabalho de saneamento, modernização e ampliação da produção, convém para a Fundação Padre Anchieta que eu não dispute a eleição.”


 


A nota continua: “Considero que uma disputa neste momento poderia se transformar em obstáculo ao necessário e fundamental entendimento entre a fundação e seu principal patrocinador”. O termo “patrocinador” – que o presidente da FPA usou – não é correto. O governo é, sim, mantenedor da emissora.


 


Passo a passo


 


Na quinta-feira, falando ao Estado, Paulo Markun informou que não pretende fazer comentários sobre eventuais planos para a presidência pelo menos até que esteja ratificada a decisão do conselho. Até lá, disse, não pretende falar sobre nenhum aspecto da vida da emissora, administrativo ou artístico.


 


Seguindo o rito eleitoral da fundação, Markun foi convidado para, na segunda-feira, dia 23, às 10 horas, ser sabatinado pelo conselho. O jornalista deverá apresentar um documento com uma súmula de sua proposta de gestão para a instituição.


 


Ele deverá obter sua indicação com o aval de pelo menos oito membros efetivos do conselho. No dia 7, em “eleição secreta”, segundo diz a nota, seu nome deverá ser sufragado.


 


Marcos Mendonça disse que desistia da disputa “apesar das inúmeras manifestações de apoio recebidas, não só por parte de conselheiros, mas também de personagens eminentes do mundo cultural e até mesmo de membros do governo”.


 


“Torno pública a minha decisão e agradeço a todos que me ajudaram nesta jornada”, acrescentou . A nota também fala da “inconveniência de uma disputa”, mas não explicita no que residiria essa inconveniência.


 


Paulo Markun tem 54 anos e é autor de nove livros, como O Sapo e o Príncipe e Meu Querido Vlado. Nesse último, conta a história de seu ex-colega da Cultura, o jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar. Markun apresenta o programa Roda Viva há oito anos.


 


Da Redação, com Agência Estado