Imagens “exclusivas” geram discussão entre Globo e Record

Por Marcelo Tavela (Comunique-se)
Além de prender bicheiros e magistrados, a Operação Furacão da Polícia Federal inaugurou nova rodada na discussão sobre imagens exclusivas. O Fantástico, da Rede Globo, exibiu no domingo (15/04) uma r

Horas antes, o Domingo Espetacular, da Record, exibiu as mesmas imagens da operação, com policiais quebrando a parede, em um VT de cinco minutos de duração. A filmagem gerou uma forte suspeita dentro da Globo: a Record teria pego as imagens de chamadas para o Fantástico nos intervalos e durante o Jornal Nacional. A Record informou que o material foi cedido pela Polícia Federal.


 


A Divisão de Comunicação Social (DCS) da Polícia Federal informou que as imagens foram cedidas primeiro à Rede Globo pela Divisão de Inteligência da Polícia (DIP), e que posteriormente a DCS disponibilizou o material para outras emissoras de TV.


 


“Uma operação como esta não pode ter exclusividade. O que acontece é que os repórteres têm contatos na polícia que passam o material, às vezes até por uma questão de vaidade”, explica um agente da DCS. “Não temos como gerir a comunicação de todo o órgão. São 27 delegacias. A gente tenta coordenar. Mas o fato é que não há unicidade em relação à imprensa. Às vezes, a gente fica boiando”, completa.


 


O agente também informa que o material divulgado oficialmente é escolhido com o cuidado de zelar pela imagem da PF, e que, nas imagens da Globo, o “áudio é esdrúxulo”, tanto na qualidade como nos termos utilizados. 


 


Mostrar ou não mostrar?


 


Eduardo Faustini, repórter responsável pela reportagem do Fantástico, disse que “está simplesmente fazendo o seu trabalho”. “Tenho consciência de que fiz bem e corretamente. E não me preocupo com a guerra de audiência e outras questões exteriores. Isso é com a direção da empresa”, afirma.


 


O Comunique-se tentou falar com o repórter André Rohde, que fez a matéria do Domingo Espetacular, e com o editor do programa, Anael Aquino de Souza, mas não conseguiu contatá-los.


 


Ainda sobre a Operação Furacão, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou na quarta-feira (18/04) a instauração de uma investigação policial sobre o vazamento de transcrições sigilosas do inquérito 2424, relativo à operação da PF.


 


“Tais inconfidências, além de serem incompatíveis com os cuidados necessários à condução frutífera das investigações, trazem ainda danos gravíssimos à vida privada dos envolvidos”, disse o ministro Cezar Peluso, que pediu a investigação, ao site do próprio tribunal.