Peça conta a vida de Grande Othelo

A trajetória de um artista que atravessou fronteiras e conquistou admiradores pelo mundo afora. Este é o mote do espetáculo Grande Othelo, eta Moleque Bamba!, que narra a vida pessoal e artística de Sebastião Bernardes de Souza Prat

A peça relembra toda a vida de Grande Othelo. Traz a infância em Uberlândia, onde o artista encantava os hóspedes de um hotel e assistia fascinado aos filmes de Chaplin; a chegada ao Rio de Janeiro, quando conhece o diretor teatral Jardel Jercólis, de quem recebe o nome artístico de Grande Othelo; o trabalho com Carlos Machado na fase de ouro dos cassinos e dos grandes espetáculos musicais; a época do filmes da Atlântida e o sucesso da dupla com Oscarito; o encontro com Orson Wells e os últimos dias de sua vida, quando viaja para a França para receber uma homenagem do Festival des Trois Continants, em Nantes, sofre um ataque cardíaco e morre ao desembarcar no aeroporto de Paris, aos 78 anos de idade.

“O grande conflito da vida de Othelo é que ele queria ser reconhecido como um grande artista e não como um cômico, um bufão”, conta o autor Douglas Tourinho. Estão também no espetáculo sucessos que interpretou nos filmes da Atlântida e nos musicais de Carlos Machado como “No tabuleiro da baiana”, ”Marchinha do Gago”, “Boneca de Piche” e “Rasguei a minha fantasia”, entre outros.

“Durante o processo de pesquisa, que durou cerca de um ano, elegemos os narradores que iriam contar a história junto com o próprio Othelo”, explica Douglas Tourinho. No espetáculo, personagens, que também são narradores, vão contando casos sobre a convivência com o artista. Como o cineasta Roberto Moura (Marcelo Capobiango), autor de um livro sobre Othelo e que dirigiu o último filme protagonizado por ele – Katharsys. Além dele, a atriz Ruth de Souza (Maria Salvadora), amiga e companheira de trabalho no cinema, no teatro e na TV; a pesquisadora Ângela Nenzy (Maria Salvadora), que ajudou muito na organização do acervo do ator; o compositor Wilson Moreira (Marcelo Capobiango), autor da música Okolofé, uma homenagem a Othelo que abre e encerra o espetáculo; José Gomes Talarico (Antonio Karnewale), um antigo amigo de escola; e um personagem (Nando Cunha) que simboliza todos os filhos homens do ator: Carlos, Pratinha e Mário.

Pontuado por um roteiro musical que tem arranjos originais de Luiz Felipe de Lima e Ernani Maletta, o texto explora a dualidade do artista de múltiplos talentos e do homem de vida pessoal conturbada. “Othelo foi uma figura importantíssima. Ele cantava, dançava, interpretava e era compositor. Muita gente não sabe, mas o sucesso Praça Onze é uma parceria dele com Herivelto Martins”, salienta Luiz Felipe. “A preocupação do André (Paes Leme) é que as composições não entrassem como um número musical à parte, mas sim fizessem parte da dramaturgia, fossem uma outra maneira de contar essa história”, explica Maletta, que também elaborou os arranjos vocais para o elenco.

A peça é o ponto de partida do projeto “Grande Othelo 90 anos”, idealizado e produzido por Ana Luisa Lima e Andréa Alves, da Sarau Agência de Cultura Brasileira. O projeto prevê, ainda, a recuperação do acervo do ator e um site (construção em andamento), uma exposição, uma biografia escrita pelo jornalista Sérgio Cabral e um documentário/DVD com direção de Evaldo Mocazel.

A produção local é da Nó de Rosa Produções, das sócias Márcia Ribeiro e Tatyana Rubim. Este espetáculo integra o projeto “Teatro em Movimento”, desenvolvido pela produtora, aprovado pela Lei Rouanet, de incentivo à cultura, e patrocinado pela Usiminas. O objetivo do projeto é trazer à capital mineira e levar a Ipatinga grandes montagens teatrais que têm se destacado no país.