CE: Rede Bodega articula ações da Economia Solidária

Facilitar o escoamento da produção de empreendimentos solidários, organizados de maneira horizontal, e autogerir os fundos solidários destinados a impulsionar as iniciativas. Com estes objetivos, a Rede Bodega, pensada pela Cáritas Ceará junto às famílias empreendedoras, surgiu em 2004 no estado.

Quatro bodegas se espalharam pelo estado, disseminando uma forma coletiva de gerar renda e sustentabilidade: Bodega do Povo, em Tianguá; Bodega Arcos, em Sobral; Bodegama, em Fortaleza e Bodega Nordeste Vivo e Solidário, em Aracati e em Beberibe, na Prainha do Canto Verde. Os empreendimentos se relacionam à agricultura familiar, alimentação, artesanato e produtos de higiene pessoal.

A representante da Rede Bodega e membro da Coapsol, Marly Fernandes, moradora da Prainha do Canto Verde, explica que a Bodega Nordeste Vivo e Solidário atua em parceria com a Cooperativa de Produção e Comercialização Agroecológica e Solidária (Coapsol), criada também em 2004.

A articulação envolve 295 famílias de 13 municípios do litoral leste e do baixo Jaguaribe. Os produtos dos 54 grupos associados à Coapsol são comercializados na Bodega, nas lojas de Aracati e Canto Verde. Os empreendimentos, organizados, também participam de feiras de economia solidária em nível local, estadual e nacional.

A administração da Bodega fica em Aracati, onde se reúne o Conselho Administrativo, que tem por função coordenar os projetos e fundos solidários. Marly conta que, atualmente, a articulação conta com fundos rotativos, conseguidos por meio de um projeto com o Banco do Nordeste.

O empreendimento interessado em ter acesso aos recursos redige um projeto, no qual apresenta o valor que necessita para incrementar a produção. Há um teto de 700 reais. "Acima disso, se for fundo para comprar máquinas, a Comissão de Gestão avalia", esclarece Marly.

No espaço disponível para comercialização em Canto Verde, chegam produtos dos 54 empreendimentos associados à Bodega Nordeste Vivo e Solidário – cinco deles da própria comunidade. Lá, peças de artesanatos são os principais produtos, com destaque para o labirinto, considerado o carro-chefe. Também há artefatos produzidos com retalhos, madeira e quengas de coco.

Marly ressalta ainda as mudanças na produção local após o ingresso na Rede Bodega, em 2006. "Foi positivo, porque deu uma abrangência maior aos produtos. Antes, eram só os produtos daqui, agora tem os empreendimentos dos outros locais, isso trouxe mais visitação. O grupo se fortaleceu e teve produção maior, porque sabe que vai ter venda, e se valoriza, melhora a auto-estima", comenta.

Apesar de a pesca ser a principal atividade econômica em Canto Verde, o artesanato e o turismo comunitário são importantes para complementar a renda, segundo Marly.

Fonte: Adital