PGR culpa PF por atrasos em investigação sobre mensalão do DEM
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsabilizou, nesta quarta-feira, a Polícia Federal pelos atrasos na investigação sobre o esquema conhecido como mensalão do DEM e pela consequente impossibilidade de apresentação de denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Publicado 16/02/2011 17:05
"O mensalão do DEM, diferentemente do que dizem alguns, é uma preocupação do procurador-geral e continuamos empenhados. Infelizmente (estamos) com algumas dificuldades grandes em oferecer a denúncia no menor prazo possível", disse o chefe do Ministério Público. "Tivemos realmente uma série de dificuldades com a Polícia Federal, atrasos de perícias e tudo mais. Ainda há uma série de diligências pendentes, mas a gente espera conseguir resolver isso e ter condições realmente de apresentar a nossa conclusão. Dependemos ainda de algumas diligências da PF e essas diligências demoraram excessivamente".
A PF encerrou as investigações sobre a Operação Caixa de Pandora em abril do ano passado e em seu relatório aponta o governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) como o chefe de uma "organização criminosa" responsável por cobrar propina de empresas com contratos com o governo. Sem o oferecimento de uma denúncia por parte do MP, o processo não é aberto e nenhum dos suspeitos se transforma em réu.
O mensalão do DEM no Distrito Federal tem por base, de acordo com a operação Caixa de Pandora, da PF, um esquema de cobrança de propina, que envolvia deputados distritais da base aliada e empresas que atuavam na capital federal em negociações em torno da formação de uma base de sustentação para um futuro governo Arruda, eleito em 2006. Vídeos que foram divulgados durante o escândalo mostram parlamentares escondendo maços de dinheiro na cueca e nas meias, além do próprio Arruda contando cédulas e as guardando em uma sacola. O delator do esquema foi o então secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa.
"A demora é sempre muito inconveniente para qualquer investigação, mas nós também não podemos nos precipitar e oferecer uma denúncia se não temos o suporte necessário", disse Gurgel. "Temos que ficar ponderados entre a necessidade de rapidez e de outro lado de reunir o máximo de elementos para que essa denúncia possa ter o êxito que esperamos".
Fonte: Terra