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Mostra Internacional de Música de Olinda mescla erudito e popular

Da Áustria, veio o quarteto de cordas Hugo Wolf. Dos EUA, o pianista McCoy Tyner e o guitarrista Mike Stern. Os músicos brasileiros Wagner Tiso, Egberto Gismonti, Léo Gandelman e Dado Villa-Lobos também estão por lá. Todos os caminhos levam ao Nordeste de hoje ao dia 7, quando será realizada a 7.ª edição da Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo). Gratuito, o evento recebe cerca de 500 músicos em 39 concertos nas cidades de Olinda, Recife e João Pessoa.

A nova edição da Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo) aponta para uma perspectiva irreversível: cresce a cada ano, ocupa espaços diversos e garante visibilidade nos circuitos de festivais do país e de regiões da Europa e Estados Unidos.

Virou uma constante, durante todo ano, artistas renomados, nacionais e internacionais, enviarem projetos buscando vagas para apresentar concertos na Mimo. Fato que, inevitavelmente, leva o festival ao status de qualidade, representatividade e vitrine para músicos de todo o mundo.

E este ano, o evento passa a viver não só de música, mas também de cinema – o festival dentro do festival, que era pequenininho e agora conta com 28 filmes com a música como temática central, tem na programação, entre outros, os documentários "Continuação", de Rodrigo Pinto, que acompanha o processo criativo de Lenine, e "A Maldita", de Tetê Mattos, sobre a extinta rádio carioca Fluminense FM, considerada a primeira do Brasil voltada ao rock.

Realizada pela Lume Arte, a Mimo nasce em Olinda, cidade-mãe do festival, que empresta suas igrejas, monumentos históricos e preservados, para concertos memoráveis. Ambiente ideal para a música instrumental.

Músicos são 500; concertos, 39, espalhados por 18 locações. O público esperado é de 100 mil pessoas, nas três cidades. A maioria é gente local, mas os turistas também comparecem (todos os hotéis e pousadas de Olinda estão lotados, segundo a produtora responsável pela organização e pela curadoria, Lu Araujo).

Mesclar o erudito e o popular é a meta. Se o pianista da Martinica Mario Canonge vem mostrar sua mistura de jazz com ritmos das Antilhas, a harpista carioca Cristina Braga prova que seu instrumento pode estar a serviço também da música que não é de concerto. Estão programadas ainda uma celebração dos 200 anos de Schumann e o show retrospectivo de Tom Zé, O Pirulito da Ciência. A Orquestra Contemporânea de Olinda faz as honras da casa.
 
Homenageado

"Estudar e fazer música em grupo é um exercício de cidadania. Para tocar com outras pessoas é preciso aprender a dividir, a ouvir o outro, ceder nos próprios pontos de vista e respeitar os alheios e, principalmente, querer produzir coletivamente". A fala do compositor, arranjador, orquestrador, solista e maestro Wagner Tiso explica o fato dele ter sido escolhido neste ano para ser o artista homenageado da mostra.

Afinal, mais que uma agenda de grandes concertos, a Mimo tem sido vista também como plataforma de projeção de jovens no cenário da música instrumental. Tem crescido no tamanho e na procura por sua etapa educativa, onde estudantes aprendem com mestres da música nacional e internacional, através de programas de master classes, workshops e oficinas de orquestra e regência.

Tiso participa de uma série de atividades. No primeiro dia da Mimo participa no Recife do lançamento do livro Wagner Tiso – Som, imagem, ação, da coleção Aplauso, a partir de depoimento colhido pela jornalista Beatriz Coelho Silva, a Totó.

Será a partir das 17h, na Livraria Cultura. No livro, escrito em primeira pessoa, o músico fala de sua infância no interior de Minas, da trajetória ao lado de Milton Nascimento (amigo de infância), e das mais de 20 trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão que fez desde 1982, quando estreou compondo a música do documentário Jango, de Sílvio Tendler.

Mais informações através do site: www.mimo.art.br