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Lula ironiza FHC e ressalta que fez mais pelo ensino superior

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique, em seu discurso nesta sexta-feira (20), durante a inauguração da expansão de um campus da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) em Sorocaba. Sem citar nomes, o presidente disse que, caso seu governo fosse um fracasso, ficaria provado que "só gente refinada" como grandes professores poderiam ocupar o cargo. Fernando Henrique é professor titular aposentado da USP (Universidade de São Paulo).

"Se eu fracassar, nunca mais um trabalhador vai ter o direito de dizer que quer ser presidente da República. Vão dizer que ser presidente é cargo para gente refinada […], cargo para grandes professores, grandes advogados, trabalhador nunca".

O presidente afirmou ainda que muitos governantes e candidatos nunca se preocuparam em conhecer o Brasil.

"Tem candidato que não sabe o nome das pessoas que estão em cima do palanque com ele, que não sabe o nome dos outros [políticos] que o apóiam".

O marco regulatório das telecomunicações, que inclui as concessões de TV, também foi criticado pelo governante, que se disse favorável à mudança da lei, de 1962. O presidente enfatizou a hegemonia das emissoras e da programação televisiva do Rio de Janeiro e de São Paulo sobre outros Estados, como Acre e Amazonas.

Ensino superior

Lula enfatizou que a UFSCar, assim como outras universidades federais, passou por uma grande expansão durante seu governo com o programa Reuni. A instituição saltou de 37 para 57 cursos de graduação no ano passado, e atingiu a marca de 10 mil alunos em 2010. A previsão para 2012 é alcançar 13 mil estudantes.

O presidente ressaltou que a expansão aconteceu mesmo com a oposição de grupos universitários, que ocuparam reitorias em várias faculdades pelo país, inclusive na UFSCar, entre 2007 e 2009, anos de implantação do projeto.

"Quebraram várias reitorias desse país, mas os reitores foram corajosos e levaram os projetos adiante".

A inauguração ocorrida nesta sexta vai levar mais 14 salas de aula, 30 laboratórios e outros itens de infraestrutura para o campus da universidade em Sorocaba. Atualmente, são 620 estudantes espalhados entre 14 cursos de graduação nesse campus. A previsão da UFSCar, com a expansão, é que o número de universitários chegue a 2.600 no ano que vem.

Simultaneamente à cerimônia do campus em Sorocaba, o ministro da Educação, Fernando Haddad, participou do evento de entrega da expansão de outro campus de universidade federal, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Curitibanos, no interior do Estado catarinense. A instituição abriga, atualmente, 180 universitários. O governo federal investiu R$ 7,4 milhões no projeto universitário de Santa Catarina.

Fonte: R7

Veja abaixo a íntegra do discurso do presidente Lula em Sorocaba. O discurso é longo, mas ajuda a revelar porque um operário metalúrgico conseguiu, em seu governo, superar o sociólogo que o antecedeu e cativar 80% da população brasileira que o apoiam:

No meu discurso, eu ia falar da pedra fundamental, mas aqui já foi falado da pedra fundamental. Depois, eu quero agradecer ao Prefeito pelo carinho, pela disposição e pela rapidez com que ele se prestou a fazer a doação do terreno para a gente construir esta universidade aqui, na cidade.

Vocês se lembram… vocês se lembram que as atividades da Universidade Federal de São Carlos, aqui em Sorocaba, tiveram início em 2006, com o funcionamento provisório na Faculdade de Engenharia de Sorocaba. Eu lembro que quando nós viemos aqui e anunciamos que iam começar as aulas, teve um grupo que veio de São Carlos para não deixar funcionar as aulas porque não tinha restaurante. E a gente dizia: Mas, pelo amor de Deus, gente, primeiro a gente faz a universidade, começa a funcionar; depois vai ter o restaurante; um belo dia, vai ter a residência universitária, ou seja, as coisas vão acontecendo ao tempo. Eu sei que depois de muitas brigas – houve muitas brigas, houve trabalhadores e a cooperativa de catadores de papel que brigaram com os estudantes porque… Tinha um catador que falava para mim: “Eu nunca tive a chance de colocar minha filha em uma universidade. Agora que ela vai entrar, vem um cara – que já está na universidade – e diz que a minha filha não pode entrar! Que história é essa?”.

Bem, o fato concreto, meus queridos companheiros, é que nós estamos colhendo aquilo que nós plantamos. Eu confesso a vocês que muitas vezes… Eu perdi três eleições e, muitas vezes, eu voltava para casa deprimido porque eu sentia que era a parte mais pobre da população que não votava em mim, exatamente aquela parte da população que eu mais queria ajudar. E eu, às vezes… às vezes, passava… às vezes, passava em um bairro de classe média alta, todo mundo me cumprimentava, todo mundo sorria para mim, todo mundo me abraçava. Às vezes, eu passava em uma área pobre, da construção civil, ou [por] cortadores de cana no interior de São Paulo, e as pessoas ficavam fazendo assim pra mim. Eu voltava deprimido, porque eu dizia: não é possível! Está faltando alguma coisa para convencer essas pessoas a acreditarem que nós poderemos mudar o Brasil.

Uma vez eu fui a Recife, em uma favela, e fui visitar uma casa de uma senhora que não tinha nada, absolutamente nada. E essa mulher falou pra mim: “Eu não vou votar em você, porque você vai tomar tudo o que eu tenho.” Eu voltei para casa angustiado, e comentei com Marisa. Eu falei: Marisa, hoje aconteceu o absurdo do absurdo. Eu fui a uma favela, eu fui a um quarto que tinha 3 [m] x 3 [m], ali as pessoas faziam suas necessidades fisiológicas, ali as pessoas dormiam, ali as pessoas cozinhavam e comiam. E a mulher disse que não votava em mim, Marisa, porque tinha medo que eu fosse tomar tudo dela. Marisa me disse: “Ô Lula, pode ser que para você aquilo não representasse nada mas, quem sabe, de onde ela veio até chegar àqueles três metros quadrados em uma favela, ela tenha morado pior do que aquilo, e talvez aquela favela fosse o grande patrimônio que aquela senhora tivesse acumulado”.

E aí eu aprendi uma lição: a lição de que, muito antes do que você pedir simplesmente os votos, você precisa convencer as pessoas a acreditarem nelas, a se acharem capazes, a acreditarem que a partir delas próprias as oportunidades surgirão, e que não existe espaço na nossa passagem pelo Planeta para a gente ficar lamentando os dias em que as coisas não dão certo; e que a gente precisa, diante de um dia em que as coisas estão dando errado, começar a trabalhar rapidamente o dia seguinte para que seja muito melhor e para que a gente não lamente, em nenhum minuto da nossa vida, a coisa mais gostosa que nós temos, que é a própria arte de viver, em qualquer que seja a circunstância.

E aí eu compreendia uma coisa maior: eu compreendia que era normal que uma pessoa que não tivesse nada, uma pessoa que não tivesse estudado e que também soubesse que o máximo de estudo que eu tinha era um curso de torneiro mecânico, que as pessoas tivessem dúvida. Porque, se as pessoas não acreditavam nelas, como é que elas iriam acreditar em alguém igual a elas? Eu comecei a compreender que era correta a dúvida que as pessoas tinham que ter a meu respeito, e descobri que o grande problema dos governantes deste país é que eles nunca se preocuparam em conhecer o Brasil, nunca se preocuparam em conhecer o Brasil.

Eu descobri, possivelmente, a lição da minha vida, e quando a gente vai ficando velho a gente vai podendo contar as coisas. Possivelmente eu tenha descoberto a lição da minha vida na campanha de 1989: eu descobri que um candidato, ele desce de um avião, vai para um palanque, desce de um palanque, vai para um avião; ele termina nem conhecendo o nome das pessoas que estão em cima do palanque com ele, ele termina não conhecendo nem as pessoas das cidades. Às vezes, ele não sabe o nome do candidato que o apoia, ele não sabe, porque é uma coisa… é uma coisa quase automática. Essa foi a grande lição da minha vida, e eu tomei a decisão: se um dia eu quiser governar este país, eu preciso conhecer profundamente o que eu quero governar.

Eu poderia ter lido o livro do Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, e poderia ter conhecido um pouco o Brasil. Mas eu achava que em vez de a gente apenas ler um livro e dizer que a gente conhecia, era melhor que a gente botasse o pé na estrada para ver a megadiversidade deste país, para ver o quanto nós somos diferentes de região para região, o quanto pensam diferente as pessoas de cidades vizinhas, desejos diferenciados, vontades diferenciadas. É por isso que hoje eu sou um homem que defendo que no marco regulatório das telecomunicações – que tem que acontecer neste país, porque nós vivemos com o marco regulatório de telecomunicações de 1962 … eu reconheço que hoje alguém que mora em Tarauacá, no Acre, ou alguém que mora… alguém que mora no estado do Amazonas, ou alguém que mora no Mato Grosso do Sul, tem o direito de ver o que está acontecendo no Rio, o que está acontecendo em São Paulo; mas São Paulo e Rio também têm que ver o que está acontecendo, do ponto de vista cultural, em outras regiões do país, para que o país se torne um país mais justo e mais igual, para que o país seja mais conhecido porque, senão, as coisas ficam muito desiguais, e dá a impressão que nós somos todos de uma cara só, quando não somos. Se tem uma coisa que nós precisamos agradecer a Deus é que, mesmo no processo de sofrimento da escravidão, foi possível permitir que a mistura entre índios, negros e europeus permitisse que a gente tivesse o povo extraordinário, resultado dessa miscigenação que poucos países têm, como tem o Brasil.

Por que eu estou dizendo isso? Eu estou dizendo isso porque não foram poucas as vezes que, deitado na cama, olhando para o teto, eu perguntava para a dona Marisa: “Será que é verdade que nós ganhamos?” Eu, às vezes, quase que me belisco; eu, às vezes, Goldman, tenho a impressão de que este dedo meu caiu de tanto eu beliscar para saber se era verdade, se eu tinha, de verdade, sido eleito presidente da República deste país.

E, aí, eu tinha colocado na cabeça uma ideia: Eu tinha a imagem do Walesa na Polônia. O Walesa tinha sido eleito presidente e tinha sido uma coisa… não resultado de uma organização partidária, mas resultado de uma conspiração universal contra o regime soviético, contra o comunismo, contra o socialismo. Era uma coisa maluca, e ele foi eleito presidente ali. Depois de quatro anos, ele foi concorrer outra vez, ele teve 0,06% dos votos – significava que ele tinha sido um fracasso. E eu pensava comigo: se eu fracassar na Presidência da República, se eu fracassar, nunca mais um trabalhador vai ter o direito de dizer que quer ser presidente da República, porque vão mostrar sempre que ele é incompetente, vão mostrar sempre que ser presidente da República é cargo para gente refinada, é cargo para gente… fazendeiro, grande empresário, grandes advogados, grandes professores. Trabalhador, nunca. Então, eu tinha consciência de que eu tinha a obrigação de acertar, eu tinha a obrigação. E eu tinha comigo o acúmulo de 91 mil quilômetros percorridos com a Caravana da Cidadania, de ônibus, de trem, de carro e de barco.

Bem, faltam quatro meses e poucos dias para eu deixar a Presidência da República. Deixo a Presidência da República sabendo que ainda tenho, junto com a minha companheira Dallari [Maria Paula Dallari Bucci] e junto com o meu companheiro Fernando Henrique… o meu companheiro Fernando Haddad… ou seja, nós, nós ainda temos que inaugurar, até o final do ano, 214 escolas técnicas, e ainda temos que inaugurar alguns campi universitários. Porque, hoje, já são 118 campi que nós estamos inaugurando até 2014 neste país… até 2010 neste país.

Isso é pouco, é pouco, porque o que importa é que a gente esteja mudando o paradigma, o paradigma de tentar transformar o Brasil um pouco mais igual. Vocês sabem que até outro dia, quase 65% dos doutores formados neste país eram das regiões Sul e Sudeste. Quando você pegava as estatísticas do IBGE, você tinha o Nordeste e o Norte na frente apenas pela pobreza, pela mortalidade infantil, pela desnutrição, pelo analfabetismo. Era preciso mudar isso para que o Brasil ficasse um pouco mais igual, um pouco mais justo. E isso começou a acontecer, começou a acontecer de forma muito rápida. Eu estava dizendo à minha querida companheira Dallari [Maria Paula Dallari Bucci]: o Ministério de Ciência e Tecnologia acaba de publicar o relatório, e neste ano nós vamos ter mais mulheres formadas doutoras do que homens. As mulheres passaram para 51%; elas eram minoria, formadas em mestrado e doutorado; passaram a ser maioria. O Nordeste tinha apenas 1,3% de doutores formados no Brasil. Já passou para 9,7% de doutores formados, neste país.

Então, à medida que a gente consiga equilibrar o desenvolvimento do país, à medida que a gente consiga tornar mais equânime a distribuição neste país, a gente não vai fazer aqueles que já têm, perderem alguma coisa. Tem gente que fala “O Lula faz muitas coisas para o pobre. E a classe média?”. A classe média ganha quando o pobre deixa de ser pobre e vira classe média também, porque à medida… à medida que a pessoa deixa de ser pobre, ela vira um consumidor em potencial e não um bandido em potencial. À medida que a gente coloca mais alunos na escola técnica, mais alunos na universidade, a gente está deixando de construir uma cela de cadeia que, às vezes, custa mais caro do que uma sala de aula e, às vezes, custa mais caro cuidar de um preso do que cuidar de um estudante na universidade.

Portanto, a primeira decisão que eu tomei na primeira reunião de governo foi tornar a palavra “gasto” proibida, quando se tratava de educação. Educação não pode ser encarada como gasto. Educação tem que ser encarada como investimento, e é um investimento, e é o investimento mais rápido que nós poderemos ter. Então, eu, meu caro Prefeito, termino o meu mandato fazendo aquilo que eu disse no começo, em 2003: primeiro, eu vou fazer o possível; depois, eu vou fazer o necessário; e quando menos esperar, nós estaremos fazendo o impossível. Então, veja, veja que coisa engraçada, parece, parece ironia do destino que seja o primeiro presidente da República sem diploma universitário, a ser o presidente que mais universidade federal fez no nosso país. Parece… parece ironia do destino, parece ironia do destino, mas depois que Nilo Peçanha, em 1909, fez a primeira escola técnica na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, até 2003 tinham sido feitas 140 escolas técnicas em 93 anos, neste país. Parece ironia do destino que seja alguém que só tem como formação um curso técnico que, em oito anos, nós vamos fazer uma vez e meia tudo o que foi feito em um século neste país, do ponto de vista de (incompreensível).

E faço isso com a convicção de que o resultado dessas coisas só acontece na medida em que o povo começa a acreditar em si próprio. E para dizer como isso é verdade, em 2004, Goldman, eu propus criar a Olimpíada de Matemática nas escolas públicas brasileiras. Nós tínhamos no Brasil Olimpíadas de Matemática, e 274 mil alunos participavam – grande parte no Nordeste e uma grande parte no Ceará e no Piauí – de escolas particulares, não eram escolas públicas. Nos Estados Unidos tinha 6 milhões de estudantes na Olimpíada de Matemática; a Argentina tinha 1,2 milhão, e o Brasil tinha 274 [mil].

Quando eu propus à nossa querida companheira Suely Druck, que na época era a presidente do Instituto de Matemática Aplicada, ela topou na hora. Mas alguns companheiros começaram a falar: “Ah, Lula, isso não vai dar certo, os alunos de escolas públicas não vão querer participar, eles não vão querer entrar nesse negócio de Olimpíada”. Aí fizemos a primeira inscrição em 2004. Se apresentaram e se inscreveram 10 mil jovens das escolas públicas. Em 2006, nós tínhamos eleições, aí a Justiça Eleitoral não deixou a gente colar nem um papelzinho “Se inscreva para a Olimpíada de Matemática”, achando que era propaganda eleitoral. Se inscreveram 14 milhões de crianças e adolescentes. Em 2007, se inscreveram 17 milhões. Em 2008 se inscreveram 18 milhões. Em 2009, se inscreveram 19 milhões e 300. E neste ano nós vamos superar 20 milhões de crianças e adolescentes se inscrevendo na Olimpíada de Matemática.

E o que é fantástico, o que é fantástico é que as crianças, depois que entram na Olimpíada de Matemática, elas pedem para estudar no sábado e no domingo, porque elas querem aprender. Nós temos um aluno que vocês já viram na televisão, ele é do Ceará. Ele, acho que é tetraplégico porque ele, ele… ele ia para a escola carregado em um carrinho de pedreiro, pelo pai, um carrinho de pedreiro. Esse menino já tem quatro medalhas de ouro na Olimpíada de Matemática.Qual é o significado que eu tiro disso? O significado que eu tiro disso é que não existe ninguém mais burro, ou ninguém mais inteligente, que não existe ninguém mais sabido ou ninguém mais burro. O que existe é se todos tiveram a mesma oportunidade, se todos comeram quando tinham idade e precisavam comer. E que o Estado está cumprindo com o papel que deveria cumprir, de garantir a todos.

Quando nós fizemos o ProUni, muita gente dizia: “Não pode dar certo, não pode dar certo. Esse Lula está tirando dinheiro do governo para dar para as escolas privadas”, porque nós fizemos uma isenção de imposto, que eles já não pagavam, já não pagavam, Goldman. O que nós fizemos (incompreensível) já que não pagam, vamos legalizar e vocês dão isso em bolsas de estudos. Hoje nós temos 704 mil alunos, dos quais 40% meninos e meninas negras do nosso país. E eu, eu tive a grata oportunidade de, no mês passado, em Brasília, receber os primeiros 414 jovens que se formaram em Medicina pelo ProUni, as pessoas pobres das escolas públicas que jamais poderiam pagar R$ 4 [mil] ou R$ 5 mil num curso de Medicina.

Pois bem, companheiros, quando nós fomos fazer o Reuni, Governador, foi uma guerra. Porque o Reuni… o que a gente queria? A gente queria aumentar a média de alunos por sala de aula, de 12 para 18, igual é na França. E algumas pessoas acharam… e nós pactuamos com os reitores que a gente iria repassar uma verba a mais para os reitores, para poder adaptar as universidades.Tinha alguns “filhinhos de papai” que já estavam na universidade e que acharam que subir de 12 para 18 alunos por sala de aula seria a gente degradar o ensino universitário no Brasil. E teve lugares em que os alunos que já estavam na universidade, aqueles que podem estudar em Harvard, aqueles que podem ir para a Sorbonne, aqueles que podem ir não sei para onde, quebraram várias reitorias neste país. Quebraram, para que a gente não aprovasse o Reuni. E eu quero agradecer aos reitores que tiveram a coragem de enfrentar e nós implantamos o Reuni. Em um ano, nós que tínhamos uma renovação de apenas 113 mil alunos por ano nas universidades federais, no primeiro ano já tivemos uma renovação de 226 mil alunos, ou seja, em um ano, com o Reuni, nós dobramos o número de vagas das universidades.

Isso é extremamente importante por uma razão: porque o Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo, o Brasil é o maior exportador de minério do mundo, o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, o Brasil é o maior exportador de carne de boi do mundo, o Brasil exporta avião, o Brasil exporta soja, o Brasil exporta milho. Mas, nós só teremos uma grande nação quando a gente estiver exportando conhecimento e inteligência. Em vez de uma tonelada de minério, um chip desse “tamanhinho”, que vale por quase toda a tonelada de ferro. E é por isso que eu vim aqui, na inauguração. Porque eu, com 64 anos, já estou no caminho de descendência da minha passagem pela Terra, mas vocês estão começando o de vocês. Então, daqui para a frente, em vez de ficarem cobrando de mim ou do Goldman, façam o que vocês têm que fazer, porque agora é a vez de vocês mostrarem que são capazes de fazer deste país uma grande nação.

Um abraço e boa sorte a todos vocês!