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Crise do capitalismo ainda assusta e derruba bolsas em todo mundo

A crise iniciada nos Estados Unidos em dezembro de 2007 e de lá exportada para o resto do mundo continua assustando os investidores e provocando turbulência nos mercados de capitais. As bolsas voltaram a cair nesta quarta (11). O movimento baixista foi atribuído pelos analistas às fragilidades da economia dos EUA, refletidas principalmente no anêmico mercado de trabalho, e à suposta desaceleração da China.

O mercado global enfrentou mais um dia de turbulência, diante de novos indicadores mostrando a desaceleração da China e de uma renovada preocupação com a recuperação da economia americana. No Brasil, a cautela dos investidores levou o Ibovespa a recuar pelo quarto pregão consecutivo e a perder os 66 mil pontos.

Acompanhando Wall Street

Apesar das boas notícias provenientes do comércio varejista (que registrou um crescimento anualizado de 11% em junho), o Ibovespa não caminhou com pernas próprias. Acompanhou a tendência mundial, puxada pelos EUA, e amargou desvalorização de 2,13%, fechando aos 65.790 pontos. Esta foi sua maior baixa desde 29 de junho (-3,50%). O giro financeiro atingiu R$ 5,316 bilhões.

A redução dos preços das commodities levou os ativos principalmente do setor de siderurgia e mineração a pressionaram o índice. Nos últimos quatro pregões, o Ibovespa acumulou queda de 3,83%.

Preocupações com EUA e China

Em Wall Street (EUA), enquanto o índice Dow Jones teve queda de 2,49%, o Nasdaq registrou baixa de 3,01% e o S & P 500 recuou 2,82%. Na Europa, as principais bolsas fecharam com quedas superiores a 2%.

Logo cedo, a China revelou que a taxa anual de expansão da atividade varejista foi de 17,9%, abaixo dos 18,3% vistos em junho e dos 18,5% projetados.

Além disso, os investimentos em ativos fixos em áreas urbanas na China terminaram os sete primeiros meses de 2010 em 11,9 trilhões de yuan, um aumento de 24,9% ante o mesmo período de 2009, mas também abaixo do previsto.

No campo inflacionário, embora o índice de preços ao consumidor na China tenha registrado um aumento de 3,3% no mês passado na comparação anual, em linha com as expectativas, a inflação anual no atacado foi de 4,8%. O número veio abaixo dos 6% estimados pelos analistas.

Já a produção industrial do país cresceu 13,4% em julho, percentual ligeiramente inferior aos 13,7% registrados no mês anterior. O resultado correspondeu às projeções e se revela extraordinário quando comparado ao desempenho das outras nações, muito embora seja interpretado como sinal de desaceleração.

Parasitismo

Nos Estados Unidos, a avaliação de enfraquecimento da economia americana, feita pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), ganhou reforço hoje.

Segundo o Departamento do Comércio, o déficit comercial dos Estados Unidos atingiu US$ 49,9 bilhões em junho, valor 19% superior ao resultado negativo de maio, de US$ 41,98 bilhões (revisado). O total foi pior que o projetado por analistas, que esperavam déficit comercial de cerca de US$ 42,5 bilhões para o mês.

Tal resultado indica que o padrão de reprodução do capital nos Estados Unidos, orientado pelo parasitismo, não foi revertido pela China. Isto também significa a ampliação dos chamados desequilíbrios globais insustentáveis, que exacerbam a necessidade de financiamento externo dos déficits estadunidenses e, em particular, a dependência dos investimentos chineses em títulos do Tesouro americano.

"Realização natural"

O analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, assinala que o mercado aproveitou os indicadores mais fracos para embolsar ganhos. Vale lembrar que, de 19 de julho a 2 de agosto, o Ibovespa havia apurado valorização de 9,91%.

"O Ibovespa subiu ao longo de 11 dias e com volume ainda maior que o desses dias de queda. Ainda tem muito investidor posicionado no mercado. Este mês deve ser de estabilidade do Ibovespa, uma pausa para se pensar, e hoje tivemos uma realização normal", comentou.

O operador gráfico da InTrader, Anderson Luz, também avalia que o investidor ainda não tem razões para se preocupar.

"Vemos um movimento de realização natural. O Ibovespa está enfrentando o primeiro suporte na região dos 65.200 pontos, que é o principal ponto de divisão de tendências, mas a queda deve parar por aí. O movimento segue bastante favorável, num ziguezague ascendente. Não é nada para o investidor se assustar no curto prazo", disse Luz.

No ambiente corporativo doméstico, entre as ações de maior peso sobre o Ibovespa, os papéis PNA da Vale recuaram 2,79%, a R$ 42,38, com giro de R$ 796,8 milhões, e as ações PN da Petrobras cederam 3,20%, para R$ 27,50, com total negociado de R$ 470,5 milhões. Com o terceiro maior volume do dia, os papéis ON da BM & FBovespa caíram 1,82%, a R$ 12,90, e giraram R$ 246,1 milhões.

Entre as poucas altas do Ibovespa, destaque para ações ligadas ao cenário doméstico, como Lojas Renner ON (1,92%, a R$ 54), JBS ON (1,6%, a R$ 8,25) e Natura ON (1,29%, a R$ 43,15).

Já as maiores quedas partiram dos papéis Embraer ON (-4,15%, a R$ 11,07), Gerdau PN (-4,38%, a R$ 24,86), Gerdau Metalúrgica PN (-4,74%, a R$ 30,13) e Fibria ON (-5,4%, a R$ 27,31). Além disso, as ações ON da CSN recuaram 3,87%, negociadas a R$ 29,05.

Da redação, com agências