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Flip tucana: moradores de Paraty protestam contra presença de FHC

Meia-hora antes da inauguração da Festa Literária de Paraty (Flip), um pequeno grupo de moradores da cidade chamou a atenção diante da Tenda dos Autores, onde se realizam os principais debates do evento. Eles portavam cartazes e camisetas com frases de protesto à presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, escalado para a conferência de abertura da Flip.

FHC na Flip

Segundo Flavio Moura, diretor de programação, a presença de FHC se explica pelo fato de o homenageado do ano ser o sociólogo Gilberto Freyre. “Sei que seria controverso, mas é uma figura totalmente relacionada à obra de Freyre”, disse Moura, omitindo que FHC está em plena campanha, na grande mídia, pelo presidenciável demo-tucano, José Serra.

Os moradores de Paraty não passaram recibo. “Viva Saramago. FHC não!”, estampava a camiseta da funcionária pública Indalécia Freire, a organizadora do protesto. “O que você acha de FHC abrir uma festa literária em pleno ano eleitoral?”, perguntava ela – que, diga-se de passagem, não tem filiação partidária.

“Ele podia vir em qualquer ano, menos neste. Ele é porta-voz de um partido político. A simples presença dele já é uma opção política da Flip”, acrescentou Indalécia, acusando o viés tucano desta edição da festa literária.

Desde o seu primeiro ano, a Flip tem por tradição provocar muitas críticas antes de começar. Sempre houve, por exemplo, reclamações quanto aos critérios de escolha de determinados escritores em detrimento de outros – e também do privilégio dado a algumas editoras em relação a outras. Mas neste ano há algo além no ar. Nunca se viu um mau humor tão generalizado quanto o que precedeu a abertura de sua oitava edição.

Na capa do Estadão desta quarta-feira, a chamada sobre a Flip lembra que “até” a homenagem a Freyre provocou protestos. O jornal repercute a fofoca, absolutamente infundada, segundo a qual a Petrobras teria desistido de dar apoio à festa literária depois que FHC foi convidado a proferir a palestra de abertura. O fato foi desmentido de forma categórica pela empresa.

Ao fim da exposição de abertura, FHC ficou longe da unanimidade. Segundo postou em seu blog o escritor e jornalista Luciano Trigo, “o tempo inteiro o ex-presidente tentou conciliar, com visível desconforto, a necessidade da homenagem que lhe foi encomendada com um impulso incontível de criticar a obra de Freyre. A mesma impressão, aliás, é produzida pela leitura do prefácio que FHC escreveu para a última edição de Casa Grande & Senzala”.

Da Redação, com agências