Charge racista sofre protestos do movimento negro

Uma charge publicada no jornal Correio Lageano, da cidade de Lages, na região serrana de Santa Catarina, está gerando polêmica e revolta em militantes de movimentos afro de todo o Estado.

Publicada no dia 16 de fevereiro, a imagem tem o título de “Maioridade Penal” e mostra uma mulher negra dando à luz várias crianças. Elas aparecem com tarjas pretas nos olhos e correndo em direção à porta. O médico, ao telefone, grita que está havendo uma “fuga em massa”.


 


Um dos líderes do movimento negro em Santa Catarina, Márcio de Souza, destacou que a charge tinha “cunho racista”. Ele afirmou que o jornal não mediu palavras e imagens para atacar os excluídos e destacou que os “não-brancos” seriam os grandes prejudicados pela redução da maioridade.


 


Souza, que é vereador em Florianópolis, afirmou que “mais uma vez, a cidade de Lages se confunde com o ódio racista”. Ele se referiu ao caso de um ex-vereador que, há três anos, espancou uma mulher negra que reclamou de atendimento num posto de saúde.


 


“Santa Catarina e os lageanos de bem não permitirão esse tipo de atitude”. destacou. “O povo de Lages é destemido e bravo; precisa reagir e calar a voz dos racistas”.


 


A direção do jornal publicou uma editorial nesta quarta-feira (28), afirmando que, em 67 anos de existência, sempre defendeu as minorias. Os diretores reconheceram que receberam inúmeros e-mails e ligações de pessoas revoltadas com o teor da charge, mas salientaram que não foi a intenção do chargista ou do jornal relacionar o assunto ao racismo.


 


“Lamentamos que a imagem tenha passado essa idéia”.


 


Fonte: JB