Índios montam cooperativa contra descaso do governo

Índios da reserva de Dourados, em Mato Grosso do Sul montaram cooperativa enquanto aguardam a chegada dos tratores da Fundação Nacional do Índio (Funai) para iniciar o plantio. Descaso do governo e a falta de assistência técnica prejudica o desenvolviment

Dona Eliete Rodrigues já recebeu a saca de semente de milho, mas está com medo de perder a época indicada para o plantio. Os seis tratores da Funai usados para tombar a terra e semear estão com problemas mecânicos. Além disso, a quantidade de máquinas não dá conta de atender toda a população da reserva indígena. “Você não tem maquinário nem óleo diesel. Como é que a gente vai fazer?”, pergunta a índia.


 


Quando o território foi demarcado, na década de 20, 400 índios viviam nos 3.500 hectares. Hoje são 12.500 na mesma área. “Tem de ter políticas de sustentação dessas comunidades”, diz o antropólogo da Funai Levi Pereira.


 


Para agravar a situação, em alguns trechos da reserva, a terra deveria ser usada para o plantio de mandioca, batata e outras lavouras de subsistência, mas deu lugar à monocultura da soja. A Funai diz que perdeu o controle da situação e desconhece os donos da soja. 


 


Um grupo cansou de esperar pela ajuda do governo. Os índios tomaram a iniciativa, montaram uma associação e agora preparam a terra para começar a investir na fruticultura.


 


Vinte e dois índios foram contratados pela cooperativa. O trabalho é comandado pelo índio terena Jessé Masse, que terminou a faculdade de administração rural ano passado. “São frutas cítricas e certificadas: manga, banana”, explica.


 


Segundo a gerência regional da Funai, o órgão deve abrir uma licitação ainda nesta semana para contratar uma empresa que realize o preparo da terra na reserva indígena de Dourados.