MST cobra plano de Serra para assentamentos em SP

Coordenador de 14 ocupações no interior paulista desde o carnaval, o líder do Movimento dos Sem-Terra (MST) José Rainha Júnior cobrou na quarta-feira (28) do governo estadual o assentamento de mil famílias no Pontal do Paranapanema. A declaração foi dada

“Concordo com Serra. O caminho é o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) cumprir sua função e trabalhar no assentamento de mil famílias por ano no Pontal; o caminho é fazer cumprir a lei. Não ocupamos porque queremos, mas por necessidade, e nenhuma dessas áreas é produtiva ou é de proprietários particulares”, disse. “Serra fala isso porque não é fruto do nosso meio. Mas o que ele fazia antes, quando participava de movimentos estudantis em favor da liberdade democrática? A nossa luta é democrática.”


 


Para o líder, o assentamento anual de mil famílias seria a solução para os conflitos no Pontal. “Se ele fizer isso, a questão se resolve. Mas a proposta foi feita oficialmente há mais de uma semana e não obtivemos resposta.”


 


Rainha explicou que a proposta se baseia no número de famílias assentadas pelo governador Mário Covas na região. Ele voltou a atacar o governo Lula. Disse que o Ministério do Desenvolvimento Agrário não existe e pediu a saída do ministro Guilherme Cassel. “Até ocuparmos essas áreas ninguém sabia quem era esse ministro. Se houvesse ministério, haveria ações políticas, com Congresso, Judiciário e Executivo discutindo a reforma agrária”, criticou.


 


Ele afirmou que o governo Lula precisa agir rápido “para não chegar ao final e ter apenas números para justificar” sua atuação. “Senão a reforma agrária vira matemática, com números sobre assentamentos, ou então cai na página policial, com a prisão de líderes sem-terra. Ela precisa estar na página de política e isso o governo não vem fazendo. O presidente deve saber a hora de trocar seu ministro.”
Rainha afirmou que o ministério não discute nem as propostas de desenvolvimento dos assentamentos. Como exemplo, citou o projeto de biodiesel previsto para agregar famílias assentadas no Pontal, que há mais de um ano aguarda resposta do Incra.


 


O líder do movimento negou ser contra o agronegócio. “Não é verdade. As pessoas deturpam minha opinião. Tenho opinião de que nunca vamos conseguir evitar o avanço do agronegócio, mas o que precisamos fazer é evitar a exploração e a miséria no campo.”