“Cafuné” de graça: Diretor libera seu filme na internet

Longa-metragem é o primeiro filme brasileiro a adotar o creative commons. Além de ver o filme, internautas podem interagir e até reeditá-lo


 


Por Tatiana Dias (Trama Universitário)

Na música, optar pela internet como ferramenta de distribuição é comum. Apesar de a maioria ainda acreditar em pirataria, muitos já vêem a rede como aliada. No campo audiovisual, o assunto ainda engatinha – mas pelo menos um longa brasileiro já está disponível para download gratuito na rede.


 


Partindo da visão típica da classe média carioca, Cafuné narra uma história de amor entre um jovem pobre e uma garota rica. O conflito, longe de cair do clichê, envolve questões muito particulares da nossa geração. Assistencialismo, preconceito, polícia e drogas são alguns temas abordados no filme do estreante Bruno Vianna.


 


Realizador de curtas, formado em cinema na UFF, ele realizou Cafuné com apoio da Petrobrás. Captou R$ 600 mil no Prêmio para Filmes de Baixo Orçamento. Com a grana apertada, a equipe ainda conseguiu que sobrasse um troco de R$ 50 mil, para a divulgação.


 


Mas divulgar e distribuir um filme – nos moldes da nossa indústria cinematográfica – não é tão simples assim. “Eu sabia que seria um longa diferenciado, e também que não teria um grande público”, conta Bruno. A estréia do filme nos cinemas cariocas só se viabilizou com um novo apoio da Petrobrás e ficou seis semanas em cartaz – número que o diretor considera alto, para um filme no perfil do seu.


 


Interação
Depois de tanto suor, tanto trabalho, o público só teria seis semanas para ver Cafuné? Não. “Eu achei que em vez de ficar segurando o filme, era melhor botar ele na internet, através de distribuição alternativa. Até porque não é todo mundo que pode ir ao cinema, é caro, é longe”, conta Bruno.


 


E mais: além de disponibilizar duas versões do longa para download – 93 e 73 minutos -, licenciadas em Creative Commons, Bruno quer que as pessoas interajam com sua obra. Como a narrativa de Cafuné é aberta, dá para criar e recriar diferentes finais. E mais: se sua distribuição é tão diferenciada, os trailers não poderiam ser diferentes. Disponíveis no You tube, cada um deles é um curta-metragem com começo, meio e fim – impossível ver um só.


 


“Lançar o filme dessas maneiras faz as pessoas abrirem os olhos pra outras formas de distribuição, esse compartilhamento. Todo mundo coloca séries pra baixar, porque não aproveitar essa ferramenta, sem ser pirataria? Acho que tem muito terreno para ser descoberto”, diz o diretor.


 


Agora, ele está buscando apoio para lançar Cafuné em DVD e planeja, mais para frente, dirigir um filme montado ao vivo.


 


Para fazer o download, clique aqui.