Itália: Renúncia é negada, e Prodi aguarda voto de confiança

O líder de centro-esquerda Romano Prodi se submeterá, na semana que vem, a um voto de confiança no Parlamento italiano, na tentativa e retomar o governo por meio de uma aliança fortalecida. A decisão foi tomada neste sábado (24/02) pelo presidente, Giorgi

A votação para confirmar a força do Executivo deve acontecer na quinta-feira no Senado e sexta-feira na Câmara – mas a decisão deve sair das reuniões de negociação dos grupos parlamentares, marcadas para segunda-feira.


 


Napolitano rejeitou o pedido de renúncia apresentado na quarta-feira por Prodi, após sofrer uma derrota no Senado, que derrubou uma resolução de centro-esquerda sobre política internacional. O chefe de Estado disse que a decisão de reconduzir Prodi ao poder e enviá-lo ao Parlamento para um voto de confiança era a “única possível”.


 


“Não há alternativa para esta solução”, acrescentou o presidente, após dois dias de consultas com todos os dirigentes políticos. Ele lembrou o “amplo consenso sobre a urgente necessidade de uma mudança do sistema eleitoral”, para que das eleições surjam maiorias mais claras.


 


Prodi “satisfeito”
Era a única saída, apesar de a oposição conservadora ter sido contra, acrescentou o presidente. Prodi, por sua vez, disse que se apresentará com “ânimo renovado” ao Parlamento.


 


“Vou me apresentar ao Parlamento para o voto de confiança o mais rápido possível, com o apoio renovado de uma coalizão coesa, para ajudar o país nesta difícil transição e levá-lo à recuperação econômica”, disse.


 


O político se declarou “satisfeito” com a resolução e, perguntado se conta com o apoio para conseguir a confiança do Senado, respondeu: “Isso é o que veremos, a democracia se expressa em seu devido lugar e veremos como irá a votação no Senado e na Câmara”.


 


Napolitano falou sobre a “complexidade” da crise política, que atribuiu à falta de coerência da maioria e sua estreita margem de votos no Senado. Ele ressaltou também a importância de uma solução rápida para a crise para garantir a credibilidade do país diante de seus compromissos “europeus e internacionais”.


 


Por trás da renúncia
Prodi, ex-premier e ex-presidente da Comissão Européia, eleito em abril de 2006, apresentou sua renúncia na quarta-feira após ter perdido a maioria no Senado em uma votação sobre política internacional, principalmente sobre a presença de 2 mil soldados italianos no Afeganistão, criticada pela esquerda (comunistas e verdes).


 


Na noite de quinta-feira, o chefe de governo conseguiu impor a sua coalizão composta por dez partidos um pacto de 12 pontos não-negociáveis, como condição para continuar à frente do Executivo.


 


O vice-premier e chanceler Massimo D'Alema declarou: “Temos de defender este governo, defender a estabilidade política do país, defender o governo que iniciou um processo de mudança e defender também a credibilidade da esquerda italiana”.


 


Durante os dias de crise, a coalizão de centro-esquerda tentou por todos os meios conquistar o apoio de senadores independentes, mas conseguiu apenas a ajuda de Marco Follini, ex-líder da União Democrata de Centro (UDC, partido associado à coalizão conservadora, agora em atrito com o ex-premier Silvio Berlusconi), que decidiu apoiar Prodi.


 


Maioria apertada
Em maio de 2006, Prodi conseguiu 165 votos no Senado a favor (a maioria é de 161), fazendo frente aos 155 contra. Na ocasião, contou com o apoio de sete senadores vitalícios, que continuam no comando da maioria na Assembléia.


 


O prefeito de Roma, Walter Veltroni (Democrata de Esquerda, principal partido da maioria) disse que não entende “a discussão sobre os senadores vitalícios”, cujos votos a favor do Executivo atual são atacados pela oposição conservadora.


 


“Em 1994, o governo de Silvio Berlusconi nasceu graças aos votos de três senadores vitalícios e se então os votos eram bons, hoje devem continuar sendo”, disse. Berlusconi, o líder da oposição, disse estar convencido de que a agonia da centro-esquerda continuará. “Não acho que essa esquerda possa jamais entrar em um acordo para fazer o bem na direção das reformas de que o país precisa”, acrescentou o líder do Força Itália.


 


“Acho que a agonia continuará, espero que não por muito tempo, mas temos que trabalhar com respeito a nossos cidadãos para que se consolide neles uma certeza, a da falta de adequação dessa esquerda como força de governo e a legitimidade da centro-direita, que demonstrou trabalhar bem durante cinco anos de governo, um recorde em nossa história”, disse Berlusconi.


 


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