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Após polêmica, PSDB resolve incluir FHC em evento para Serra

O PSDB incluiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entre os políticos que vão discursar na cerimônia de lançamento da pré-candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) ao Palácio do Planalto, marcada para este sábado (10).

Charge de Bessinha

Inicialmente, o discurso de FHC não estava previsto pela cúpula do partido, o que gerou rumores de que o PSDB tinha o objetivo de desvincular a imagem de Serra à do ex-presidente –num cenário oposto ao da ex-ministra Dilma Rousseff (PT), que vincula diretamente sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua página no twitter, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), rebateu hoje as acusações de que o PSDB quer desvincular Serra do ex-presidente. "FHC está no nosso DNA. É o nosso presidente. Não tem PSDB sem FHC. O resto é intriga", afirmou.

Além de FHC, vão discursar no ato pró-Serra o pré-candidato, Guerra e os presidentes do DEM, Rodrigo Maia, e do PPS, Roberto Freire. Os três partidos de oposição vão firmar a aliança na chapa do tucano nas eleições presidenciais de outubro.

Guerra será o coordenador da campanha do tucano à Presidência da República. "Me perguntam se serei coordenador da campanha do Serra. Sim, eu serei", disse ele no microblog.

Cunhado que dá vexame

A decisão do PSDB de incluir FHC entre os oradores da festa de Serra ocorre após o jornal O Estado de S.Paulo ter publicado, no domingo (4), um artigo da jornalista Dora Kramer dando um "pito" na cúpula tucana.

O jornalista Rodrigo Vianna descreveu, em seu blog, a reação do jornalão paulista:

Dora Kramer falou como porta-voz de FHC. Mandou recado. Durona, implacável, começou pelo título: "Gente Insolente"…

Calma! Dessa vez, ela não se referia aos "petistas". Dora Kramer falava para o público interno, para o tucanato.

Em suma, a colunista disse que o PSDB só chegou ao poder graças à genialidade de FHC. E que agora trata o ex-presidente como um "cunhado que vive dando vexame". Juro que a expressão é dela. Está no artigo que merece ser lido, como peça de humor.

Aqui, mais um aperitivo: "o tucanatinho [sic] acha que ele não fica bem na fotografia do vigoroso partido onde vicejam próceres cuja capacidade de distinguir credibilidade de popularidade é nenhuma".

A Dora Kramer está com muita raiva. Isso é problema dela.

O interessante é que o artigo revela como estão os ânimos entre os tucanos.

O PSDB tirou FHC de cena. E ele está magoadão. Não aceita ser escanteado desse jeito.

FHC tem a tribuna do "Estadão" e vai usá-la. Para mandar recados – diretamente, ou através de seus colunistas.

O "Estadão" – como vocês devem saber – já não pertence à família Mesquita. Endividado, quase quebrou no fim dos anos 90. Hoje, vive sob intervenção de um comitê de credores, dominado pelos bancos.

Vocês sabem, também, que as relações de FHC com os bancos são muito boas. Há quem diga que o "Estadão" é hoje, praticamente, propriedade de FHC.

Talvez seja apenas uma metáfora.

Quanto ao artigo de Dora Kramer, ali não há sutileza nem metáfota. É pau puro nos tucanos. É fogo amigo, como se vê em mais esse trecho: "

"Esse pessoal [tucanato serrista] lê umas pesquisas, ou ve um boboca de um analista, se assusta com os arreganhos de meia dúzia de adversários e acha que isso os autoriza a jogar no lixo o respeito devido a quem permitiu que o partido iniciasse sua trajetória de vida pela rampa do Palácio do Planalto. Para não falar dos comprovados serviços prestados ao país, que em nações civilizadas costumam ser patrimônio preservado.

Lula perdeu três eleições presidenciais, foi muito criticado no PT, mas nos momentos difíceis nunca se viu movimento orquestrado para escondê-lo, tirá-lo de cena como se fosse um criminoso ou portador de doença contagiosa grave.

Se é sobre esse tipo de caráter que o candidato José Serra falou quando se referiu a brio, índole e solidariedade em seu discurso de despedida do governo de São Paulo, há incoerência no conceito."