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Manifestação de rua contrapõe seminário apoiado por Abert e ANJ

O Instituto Millenium, comandado pelas maiores corporações midiáticas, além de poderosos bancos e indústrias, organiza o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, em São Paulo, contando com figuras do cacife de Arnaldo Jabour e Otávio Frias Filho. Em contraposição, o movimento social organiza o Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão. A inscrição do primeiro custa 500 reais. A do segundo é gratuita.


A manifestação Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão está marcada para ocorrer na segunda-feira (1/3), às 10h30, e tem uma bandeira, que é contra a criminalização dos movimentos sociais, e uma chamada: "Se você também acha que a mídia é uma palhaçada, venha vestido a caráter!". Trata-se de um contraponto irreverente ao 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão que reunirá, na mesma data, com o apoio da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), figurões da direita midiática brasileira. Organizações Globo, Veja, Folha e Estadão estarão bem representados.

Ao Fórum do Instituto Millenium, confirmaram presença Denis Rosenfield, Demétrio Magnoli, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Alberto Di Franco, da Opus Dei, e a estrela internacional Marcel Granier, dono da golpista RCTV, da Venezuela. Estes barões da mídia reúnem-se em um seminário sobre democracia já de início excludente: a taxa de inscrição elitista – 500 reais – fecha as portas da discussão para os movimentos sociais e para a maioria da população.

O Fórum de Rua é uma iniciativa de entidades da sociedade civil que se organizaram para participar da Primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e agora decidiram manter um fórum permanente de debates. Esta é a primeira de uma série de manifestações de ruas e ações que este fórum pretende realizar, segundo a representante da Associação Vermelho Renata Mielli. Renata participou da Comissão Estadual de organização da Confecom em São Paulo e a Associação Vermelho constitui este fórum de entidades.

Convocatória para o Fórum do Instituto Millenium, presente no blog Rocinante, expõe com clareza o objetivo político do evento: "É sabido que o governo Lula, como outros governos populistas latino-americanos, atenta contra a liberdade de expressão(…) são por todos conhecidas as iniciativas do governo petista em prol de criar os famigerados 'conselhos', que visam a garantir o domínio do partido sobre setores essenciais da vida nacional".

Para Renata Mieli, estes setores que se auto-intitulam defensores da democracia e da liberdade de expressão, são os mesmos segmentos que não se esforçam para garantir estes princípios em seus veículos, e os cita: Rede Globo, Revista Veja, Jornais Estadão e Folha de S. Paulo, entre outros. "Estes veículos negam a liberdade de expressão, a democracia, a pluralidade, e usam estes espaço, de grande audiência ou circulação, para promover embate político e impedir que setores mais avançados se fortaleçam. Fazem oposição clara ao governo Lula, tentando reocupar o espaço que perderam em 2002", esclarece Renata.

Os donos da opinião pública

O mesmo blog Roncinante, define, como é de praxe fazerem os veículos da chamada grande mídia, a opinião do famigerado Fórum do Instituto Millenium como a voz da sociedade brasileira: "O Primeiro Fórum Democracia e Liberdade, que terá lugar em S. Paulo, no dia 1º de março, tem essa finalidade, de mostrar o posicionamento da sociedade brasileira a favor da livre informação e contra a censura estatal", informa, orgulhoso, o blog.

Para Renata, da organização do ato que convoca as pessoas a irem vestidas de palhaço para fazer um bem-humorado contraponto à atividade do Instituto Millenium, a palhaçada começa no valor do encontro – que pode render uma arrecadação de até 350 mil reais se a lotação for total – e também no próprio grupo que organiza o evento e o denomina de Fórum Democracia e Liberdade de Expressão. Renata revela que os setores que organizam o pomposo Fórum no Hotel Golden Tulip, na Alameda Santos, são os mesmos que se retiraram da Confecom, como a Abert e a ANJ.

A representante da Associação Vermelho relata que estes empresários tentaram criar um ambiente para impedir a realização da Conferência Nacional de Comunicação durante todo o ano de 2009. Assim que foi oficialmente puxada a Confecom pelo governo, a Abert e a ANJ entraram na comissão organizadora e tentaram impor diversas condições que visavam tolher ou mesmo tornar ineficaz o debate da Conferência. Derrotados neste propósito, tais entidades patronais partiram para a tática de tentar deslegitimar a Confecom, saindo da comissão organizadora e negando-se a participar da Conferência.

Derrotados e revanchistas

Renata avalia que, ao fim, estes setores sofreram sucessivas derrotas no processo da Conferência de Comunicação e agora tentam taxar as resoluções da mesma como medidas restritivas à liberdade de expressão, e procuram se organizar para conter possíveis avanços, que podem ser implementados como fruto do processo da Confecom. Ela lembra que setores do empresariado que participaram efetivamente da Conferência, como a Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) – composta, entre outros veículos, pela Band e pela RedeTV – e a Associação Brasileira de Telecomunicações (TeleBrasil) – da qual são associadas a Embratel e a Oi -, não estão na organização do fórum do Instituto Millenium.

Além da organização dos movimentos sociais, parcela do empresariado ligada a veículos independentes ou da chamada mídia alternativa, estudam formas de se articular também de forma permanente após a Confecom. Renata Mieli acredita que estas articulações pós-conferência são um importante legado que o processo de debate da Conferência deixa ao conjutno dos movimentos sociais e aos midialivristas em geral.

Serviço

Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão:
contra a criminalização dos movimentos sociais

Dia: 1º de março às 10h30
Local: em frente ao Hotel Golden Tulip (Alameda Santos, 85 – Jardins – São Paulo – SP)
com muito barulho, palhaçada e irreverência

De São Paulo, Luana Bonone, com informações do ipetitions.com e do Blog Rocinante

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