Manifesto “Eu quero é botar meu Bloco na rua”

Somos milhares de estudantes espalhados pelo Brasil, unidos pela coragem e a imensa disposição de darmos uma nova cara para o país. Queremos mais espaços e encontros como a Bienal da UNE, onde possamos nos conhecer melhor, provocando uma grande fusão d

Queremos saudar a todos/as que, assim como a gente, chegaram até aqui para agitar nossas bandeiras, por bloco na rua, mostrar a nossa identidade para mudar a educação e construir o novo Brasil. Neste bloco cabe todo mundo. queremos com a tua participação, torná-lo cada vez maior, contagiando cada estudante e colorindo todas as universidades com a nossa disposição de fazer movimento estudantil o protagonista das grandes manifestações por todo o país, mantendo erguidos seus tambores e suas bandeiras, rumo às mudanças que queremos. Aqui, apresentamos o nosso manifesto, porque, assim como você, queremos botar nosso Bloco na Rua. Venha com a gente botar pra ferver!    


 


Eu quero é botar meu bloco na rua (Monobloco e Lenine)


 


Movimento – O conceito
mo.vi.men.to – ato ou processo de mover(se). Animação, agitação. Série de atividades em prol de determinado fim. Evolução ou tendência, em certa esfera de atividades. Agitação, idas e vindas, canais, vias, redes, renovação;


 


Esse fenômeno, que transcende o imutável, que se renova a cada instante, é capaz de provocar a erosão da rocha, a inundação da terra, a derrubada do cordão, a invasão do bloco, que não topa a elite, levantando o povo e ganhando o aplauso daqueles que não querem ficar parados ao som das batidas dos nossos tambores.


 


O movimento estudantil tem a cara deste fenômeno porque é um mutante que nunca perdeu a sua essência, é o erudito que se permitiu ser popular, que encanta o Brasil com a sua história e que transforma o tempo com a força do seu movimento. Ele é forte porque é o estudante em movimento; ele é grande porque é parte ativa das mudanças mais profundas no Brasil e na educação desde o seu primeiro dia, desde quando foi parido, num casamento da rebeldia com o consciente. O nosso movimento nunca ficou parado. Ele embala os sonhos de quem não dormiu no ponto e te convida pra pôr o bloco na rua neste eterno carnaval.


 


Meu bloco – O espaço
blo.co – massa volumosa, (re)união, grupo, conjunto de coisas, atos e ações.


 


Esse movimento estudantil é um espaço de (re)encontro, de (re)união de todos os movimentos que se organizam nas universidades ou que estão querendo romper o cordão que a separa da massa e do popular. O habitat natural deste nosso bloco são as salas de aula, os encontros e eventos organizados pelos estudantes, as festas e confraternizações, os grupos de discussão, a internet, os laboratórios, as bibliotecas, as entidades estudantis espalhadas por todo o território brasileiro.


 


O movimento “Eu quero é botar meu bloco na rua” vem para esse 50º Congresso da UNE dizer que estamos ocupando a cada dia todos os lugares e espaços, em todos os estados do país, animados com nossos tambores e cornetas, aquecidos e cheios de energia. Queremos juntar muita gente, gente que entende o sentido da força da união, e juntos levantar a bandeira da mudança, do novo, da nova universidade.


 


Sabemos que os estudantes brasileiros são indivíduos que cantam e dançam, mas também estão conectados no mundo da política e que sabem que esta também é capaz de provocar mudanças significativas para o nosso tempo. A nossa banda tá ligada no grito que empolga o time que entra em campo, é apaixonada pelo nosso país, é ligada na ciência e na interatividade, em tecnologia e na novidade. O nosso bloco toca também hip-hop, sabe citar o rock, não desafina no samba, e também não perde o respeito por quem ainda não sabe dançar. Na nossa batida você encontra elementos do samba, do popular, do erudito,do eletrônico e ronca tão alto quanto uma guitarra distorcida a embalar a multidão. Queremos é botar o bloco na rua, fazer mais barulho, gritar, botar pra ferver.


 


Na rua – A cena
Ru.a – o espaço, de domínio público, é a cena e o palco para o movimento estudantil.
Ce.na-  ação que se passa dentro do âmbito de visão do observador. Panorama, perspectiva, cenário, espaço em que atuam os mesmos atores. Qualquer ação ou debate, feitos em público. 


 


Para o nosso movimento, também são sinônimos de rua e de cena, a universidade, a cidade, o Brasil e o mundo. É o nosso domínio público. É o espaço onde atuamos e onde colocamos o bloco que faz com que ninguém fique parado. O cenário do movimento estudantil brasileiro tem crescido e influenciado muito mais a cada dia. Não somos somente história, mas também, parte dela. Na atual cena brasileira, somos a banda ativa por mudanças, sejam elas, sociais, culturais, políticas ou históricas. Mas não estamos só e essa atual cena exige muito mais de cada um de nós. Precisamos pôr mais e mais blocos nas ruas de todo o Brasil, agitando nossos estandartes e nossas bandeiras, batendo forte nos tambores, fazendo ressonar as nossas vozes para fazer pulsar a idéia forte de uma nova universidade e de um novo Brasil.


 


Esse bloco agita para além do carnaval porque quer que um dia não sejamos somente pierrôs ou colombinas. Mas sejamos o preto, o amarelo, o pardo, o mestiço; sejamos o liquidificador que processa a edificação de um novo mundo, de uma nova idéia, de uma nova sociedade. Esse bloco não quer perder o trem da história porque ele representa o avanço, a expansão das consciências, das ciências, e das sapiências. Ele bate mais forte a cada momento em que os muros cedem e que os ouvidos se atinam e a massa invade a rua sem medo de tirar a máscara e de pintar a cara e lutar para ser feliz.


 


Botar prá Ferver
A reeleição de Lula foi muito importante, porque derrotou a direita conservadora que queria voltar ao poder e renovou as esperanças de mudanças mais profundas no país. Foi mais importante ainda se considerarmos que ela fez parte de um grande processo de mudanças que ocorre em toda a América Latina.


 


Avanços aconteceram no primeiro mandato, mas é preciso ir mais longe para que as expectativas do povo brasileiro não sejam frustradas. Hoje consideramos que o passo mais importante para que essas mudanças aconteçam é uma alteração na política econômica que garanta desenvolvimento, emprego e distribuição de renda.


 


Um primeiro passo já foi dado, com o anúncio de medidas em prol do desenvolvimento, mas elas serão insuficientes se, por exemplo, os juros não forem derrubados fortemente, e o superávit primário não for reduzido ainda mais.


 


Dito de outro modo, para desenvolver o Brasil vai ser necessário romper completamente com as amarras deixadas pelo governo Fernando Henrique. Alguém pode perguntar, porque a UNE deve se preocupar tanto com essa questão do desenvolvimento nacional? Em primeiro lugar porque é tradição da UNE se preocupar com as grandes questões do país.


 


Em segundo lugar porque sem mudar a política econômica dificilmente haverá espaço para que aconteça o grande investimento em educação que o governo tem prometido. Em terceiro lugar porque sem desenvolvimento não há trabalho, e o desemprego é um dos principais problemas que afligem a juventude brasileira.


 


Botar o bloco na rua.
No entanto, para que as mudanças aconteçam vai ser necessário fazer muita pressão, já que setores poderosos querem que tudo continue como está, ou que o povo pague a conta de um novo ciclo de desenvolvimento.


 


Iniciativas por parte da UNE já foram tomadas para pressionar o governo, como no ato realizado em dezembro de 2006, na Faculdade de Direito da USP, onde diversas personalidades que defendem uma ruptura com a atual política econômica se reuniram.


 


O ato foi um primeiro passo, mas é preciso ir além. A UNE deve botar o bloco na rua e exigir que o governo Lula cumpra o seu programa. Junto com a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne entidades como a CUT, a UBES, o MST, a CONAM, a UBM e a UNEGRO, a UNE deve mobilizar o povo brasileiro para que o Brasil cresça distribuindo renda e investindo na educação.


 


Eu tô no bloco da reforma!
Nosso bloco exige que o presidente Lula, que se comprometeu com a aprovação de uma reforma avançada para as universidades brasileiras, não ceda às pressões dos tubarões do ensino e aprove a reforma no conjunto do seu texto original e ampliando para conquistas positivas.


 


Uma dessas conquistas deve ser a aprovação do PL Renildo Calheiros de mensalidades. Ele determina que não pode haver aumento de valor a menos que seja comprovada a necessidade de repor gastos por conta de aumento nos custos dos encargos educacionais. Ou seja, não pode mais haver margem de lucro. O máximo do aumento obrigatoriamente tem de ser inferior ao índice da inflação do ano anterior. Outra conquista deve ser a inclusão da emenda da UNE que versa sobre o aumento da verba destinada à assistência estudantil nas universidades públicas.


 


Sabemos muito bem que isso não ocorrerá por decreto, e não basta somente boa vontade. Precisamos estar presentes durante toda a tramitação do projeto, botando o bloco na rua prá garantir a aprovação da reforma universitária. Para isso, novos aliados precisam ser conquistados, como a opinião pública, os movimentos sociais e educacionais e também personalidades da educação que tenha uma visão progressista sobre a missão do ensino superior brasileiro. É tarefa nossa fazer da reforma universitária, uma pauta cotidiana e que seja pautada todos os setores da sociedade brasileira.


 


E o Bloco na Rua?
Vai Cantar:
– Todos as ruas pela mudança da política econômica. Mais desenvolvimento é com  menos juros e menos superávit primário.


 


– Apoio e pressão para a implantação do Projeto Brasil, defendido pela CMS nas eleições de 2006!


 


– Que o Governo Lula cumpra o programa eleito por mais de 60% dos brasileiros nas eleições de 2006!


 


– Defesa da soberania nacional, com ênfase na ocupação científica e cultural da Amazônia;


 


Vai Lutar:
– Por uma ampla reforma política, que democratize ainda mais o Estado e fortaleça os canais de participação popular!


 


– Preservação do meio-ambiente e uso racional dos recursos naturais; punição exemplar aos poluidores e aos que promovem desmatamentos ilegais; migração de investimentos em energia para as fontes mais limpas e renováveis;


 


– Pela destinação de no mínimo 2% do PIB para a cultura e pela ampliação do Programa Cultura Viva


 


-Por uma ampla campanha de democratização dos meios de comunicação;


 


-Continuidade da implantação de políticas públicas que combatam o preconceito de etnia, gênero, religião e orientação sexual;
… tá na rua!