Prédio da UNE: Marcelo Yuka leva apoio a estudantes acampados

O retorno da UNE para a praia do Flamengo, nº 132, no Rio de Janeiro, tem recebido diversas manifestações de solidariedade. O acampamento erguido no terreno desde a última quinta-feira (1/02) recebeu nesta segunda a visita do músico Marcelo Yuka. Ele levo

Yuka se mostrou impressionado com a organização e disposição do pessoal. Num discurso firme e contundente, afirmou mais de uma vez que este é o momento ideal para os jovens mostrarem a força do poder estudantil. Para o músico, o movimento é uma legítima ocupação cultural, sendo um espaço contra hegemônico à idéia do capitalismo que tomou conta do país. “Parece que o mercado venceu, sabe?”, lamentou.


 


Ele disse saber de sua posição “ampliada” de artista e, por isso, cobrou de outras “personalidades” a maior participação. “Onde estão os ícones da cultura da década de 60 e 70? E os novos artistas? Acho que todo mundo tem que se envolver com isso aqui. É um momento histórico, tão importante quanto as ocupações do MST e outros movimentos sociais”, disse.


 


E ironizou: “Depois que o prédio ficar pronto, bonito, aí vai tá cheio de gente emocionada, dizendo que estava na luta desde o início. Mas e na hora de dormir em barraca, dividir o banheiro?”.


 


Críticas à MTV
Yuka disse que todos ali presentes lutam contra um inimigo comum, que leva em sua verve a idéia do derrotismo, do senso comum do “ah, não dá”. Ele criticou ainda a mídia, que na sua visão ridiculariza a palavra revolução. “Falar em revolucionários para eles é ingênuo. Eles acham que isso aqui é um devaneio. Mas a gente sabe o significado dessa palavra”, disse. “A MTV não faz matéria aqui porque a visão de jovem dela é outra. É o jovem beija sapo.”


 


Sobre a disposição dos acampados, ele disse que não se trata de heroísmo da parte de ninguém, mas, sim, de uma necessidade de todos que fazem parte do movimento estudantil. “O papel dos que estão aqui hoje não é menor dos que aqueles que viveram na década de 60, 70. É uma participação necessária”, destacou.


 


A UNE não somente ocupou o terreno como já começou a transferir as suas funções políticas para lá. No fim de semana, um caminhão descarregou mesas, cadeiras, caneta, papel e tudo mais que pode ser utilizado para a entidade funcionar. Aos poucos, a organização do acampamento está viabilizando a instalação elétrica, a pintura, e a estrutura do lugar, que já conta com banheiros químicos e chuveiros.


 


O acampamento possui hoje mais de cem barracas, onde estão alojados 200 estudantes de todos os estados do Brasil. São cearenses, mineiros, paraibanos, gaúchos e fluminenses que mantêm a vigília do local.


 


Os vizinhos e pessoas de outros bairros próximos têm apoiado o movimento. No fim de semana, uma roda de samba animou o acampamento, contando com a visita de alguns moradores, que desceram dos seus apartamentos para prestigiar a festa.


 


Personalidades
Já visitaram o acampamento o ministro do Esporte, Orlando Silva (ex-presidente da UNE); o boxeador Acelino de Freitas Popó; o vice-governador do Rio de Janeiro, Luis Fernando Pezão; o artista plástico e ex-senador Abdias Nascimento; a atriz Vera Holtz; e o cineasta Zózimo Bulbull.


 


Outras personalidades políticas e artísticas, entre músicos e atores, prometeram visitar o acampamento dos estudantes nos próximos dias – entre eles, a deputada federal Manuela D'Ávila. A UNE também está preparando uma programação com apresentações de grupos culturais e outras atividades no espaço. O local é aberto a visitas.


 


No terreno da Praia do Flamengo, a UNE prfetende construir um centro cultural e o Museu da Memória do Movimento Estudantil. O projeto já existe e foi doado à entidade pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Ao ganharem corpo na nova sede, os traços únicos de Niemeyer vão revitalizar a região.