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Movimento ‘Fora Arruda’ quer anular projetos aprovados sob 'mensalão'

Após a ocupação da Câmara Distrital e de protestos com panetones, cuecas, meias, caixões e apitaço, os estudantes do movimento “Fora Arruda” prometem não deixar o caso esfriar com o recesso de fim de ano.

Protesto pede que governador e vice deixem os cargos - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

O processo de impeachment do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de participação em um suposto esquema de propina, só será analisado em 2010. O governador nega as acusações.

“Estamos estudando entrar na Justiça com ações que questionam votações na Câmara Distrital que foram influenciadas pelo mensalinho. É uma ação para manter a chama acesa”, diz o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB), Rafael Barroso.

Vídeos da operação Caixa de Pandora mostraram empresários dando dinheiro a Durval Barbosa, então secretário de Relações Institucionais do DF, e deputados distritais recebendo dinheiro dele.

O principal alvo dos estudantes é o projeto de lei que abriu novas áreas para o mercado imobiliário em Brasília. Em depoimento, Durval Barbosa afirmou que deputados distritais da base aliada receberam R$ 420 mil, cada um, para aprovar o projeto. Segundo o ex-secretário, foram arrecadados R$ 20 milhões com as construtoras.

“Essas decisões não são legítimas. Como as leis podem ter validade se foram feitas dessa forma?”, questiona o coordenador do DCE na UnB.

Outro projeto aprovado que está sob suspeita é a Lei do Passe Livre. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o empresário do transporte coletivo, Valmir Amaral, afirmou que recebeu uma proposta para pagar propina.

Ele havia feito a denúncia de forma pública no dia 30 de novembro, antes de uma entrevista coletiva do presidente da Câmara Distrital, Leonardo Prudente (DEM), flagrado colocando dinheiro nas meias.

O empresário invadiu a sala e, aos gritos, denunciou aos jornalistas o suposto esquema para a compra de deputados distritais na votação do Passe Livre.

“Foi R$ 1 milhão pra alterar a lei e mais R$ 600 mil pra derrubar o veto do governador. O governador ia vetar. Eu queria falar na cara do presidente da Câmara: tem corrupção forte aqui dentro da Câmara”.

Para o próximo semestre, o movimento também aposta em uma participação maior dos estudantes secundaristas. Segundo Rafael Barroso, quando surgiram as denúncias da operação Caixa de Pandora, os estudantes do ensino médio acabavam de entrar em férias.

Na segunda quinzena de janeiro, integrantes do “Fora Arruda” pretendem se reunir com os deputados federais da bancada do Distrito Federal para pedir apoio. Os estudantes concordam, no entanto, que o próximo semestre será uma “fase diferente da luta”, com menos apelo público.

“Temos que saber lidar com essa fase, principalmente, politizando mais a questão. A gente sabe que não é só a saída do Arruda que vai resolver o problema”, diz Barroso.

O vice-presidente do DCE da Universidade Católica de Brasília, Luciano Ribeiro, defende que as ações não fiquem apenas no “oba oba”, mas que, a partir de agora, visem a “conscientização” da sociedade de que as denúncias de corrupção não se esgotam na figura do governador.

“Estamos planejando ir atrás dos parlamentares que estão envolvidos no julgamento do impeachment e com a CPI para que votem. A questão chave é pressionarmos os deputados. O problema é complexo, assim como todos existentes hoje, nada se resolve em apenas uma via”, diz.

Rafael Barroso ,da UnB, afirma, no entanto, não ter “muita ilusão” de que o processo de impeachment de Arruda, que tramita na Câmara Distrital, dará resultados. “Boa parte dos deputados está envolvida. O adiamento do impeachment foi uma estratégia.”

Fonte: G1