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Science elege hominídeo Ardi como maior descoberta de 2009

Ardi, um personagem feminino que viveu na atual Etiópia há 4,4 milhões de anos, virou celebridade neste final de ano. A revista Science considerou o achado de seu esqueleto, o hominídeo fêmea mais antigo já encontrado até hoje, como a descoberta científica mais importante de 2009. O fóssil lidera a lista dos dez maiores avanços científicos do ano.


Os restos fossilizados da etíope são 1,2 milhão de anos mais antigos que os da também africana Lucy, o mais antigo esqueleto parcial conhecido de um hominídeo até então. As duas aproximam os investigadores do último antepassado comum a humanos e chimpanzés.

A descoberta identifica uma nova espécie de hominídeo, o Ardipithecus ramidus. Ardi foi objeto de 15 anos de estudo minucioso por antropólogos. O achado do esqueleto deu início a uma nova etapa na pesquisa da evolução do homem, segundo os cientistas.

Primos distantes

Os estudios a partir do esqueleto ajudam a derrubar mitos sobre a relação direta entre o ser humano e os símios modernos. Estes tiveram início há 150 anos, logo que o cientista inglês Charles Darwin publicou A origem das espécies, fundamentando sua teoria da evolução das espécies. Os detratores de Darwin, defensores do criacionismo, acusavam de dizer que o homem descende dos macacos e costumavam retratá-lo, em caricaturas, com o corpo de um chipanzé.

A análise do crânio, dos dentes, da pélvis, das mãos, dos pés e de outros ossos de Ardi mostraram que os símios africanos evoluíram consideravelmente desde o momento em que compartilharam um ancestral comum com os humanos. O vínculo entre o homem e seus parentes primatas não é portanto de pai e filho, mas de primos ainda que distantes.

Outras escolhas

Os outros nove grandes avanços científicos do ano, segundo a Science, foram: a detecção de pulsars pelo Fermi, o telescópio espacial de raios gama da Nasa; o recurso a rapamicina, com a qual os investigadores constataram que mexendo numa via essencial de sinalização podiam agir sobre a duração da vida de ratinhos; a utilização de grafeno, camadas muito condutoras de átomos de carbono, para fabricar sistemas electrónicos experimentais; receptor de ácido abscísico (ABA) nas plantas, para as ajudar a sobreviver às secas; o acelerador linear de partículas de Stanford apresentou o primeiro laser de raios X do mundo; regresso da terapia genética; reprodução do comportamento dos "monopólos magnéticos" com materiais cristalinos chamados "vidros de spin"; a Lcross, sonda da Nasa, encontrou água na Lua; e a reparação do telescópio Hubble, em Maio.

A Science, fundada em 1880, é uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo. É publicada pela American Association for the Advancement of Science (AAAS). Seus artigos são submetidos ao processo de revisão paritária e sua tiragem semanal é de 130 mil exemplares, com as consultas online, o número estimado de leitores chega a a 1 milhão.

Da redação, com agências