Líbano suspende toque de recolher após apelos à calma

O exército libanês suspendeu o toque de reconher imposto em Beirute na noite desta quinta-feira (25). Quantro pessoas foram mortas na cidade em confrontos entre partidários e adversários do governo pró-EUA. As cenas de violências na capital ofuscaram a co

Dois estudantes de oposição e duas outras pessoas foram mortas, e os feridos, com freqüência atingidos por balas, somam uma centena, na Universidade de Beirute, conforme fontes próximas dos serviços de segurança. Após estes choques o exército decretou o toque de reconher noturno e dirigentes das duas partes fizeram apelos à calma. A ofensiva lançada pela oposição contra o governo, com a greve geral desta terça-feira (23) reavivou as tensões.



Quem deu o primeiro tiro?



Os choques contrapuseram estudantes armados de paus e pedras no campus universitário, para em seguida se alastrar pelas ruas vizinhas. Logo degeneraram em tiroteios, envolvendo estudantes e moradores, ambos os lados usando fuzis de assalto e pistolas.



Não se sabe quem deu o primeiro tiro. Mas a rede de TV NBN, dirigida pela oposição, e a TV Al manar, ligada ao Hezbolá, responsabilizaram ativistas ligados a Saad Hariri, herdeiro do clã político sunita dos Hariri, após o assassinato de seu pai em 2005.



Manifestantes armados de bastões de madeira puseram fogo em carros e uma espessa nuvem de fumaça se formou na região da universidade. Os dois campos trocaram acusações, em suas respectivas redes de TV, cada um inocentando a si e culpando o outro pela onda de violênvcias após a greve geral.



O exército deu tiros para o ar na tentativa de dispersar a multidão e mobilizou muitos soldados para tentar conter as violências. Caminhões militares retiraram dezenas de civis encurralados pelo fogo cruzado. Testemunhas deram conta de tiros disparados contra os estudantes do alto de edifícios, e do ataque a uma escola em outra parte de Beirute. Partidários do governo lançaram coquetéis molotov contra sedes de um partido da oposição, incendiando o prédio, dizem outros testemunhos.



Hezbolá apela à calma



Saied Hassan Nasralá, principal dirigente do hezbolá, divulgou uma fatwa (decreto religioso muçulmano) exortando seus partidários a abandonar as ruas e manter a calma. Hariri, por sua vez, pediu à sua facção que dê prova de moderação.
“Todos devem agora pôr fim às querelas. Devemos todos nos unir, sob pena de conduzir nosso país ao cemitério da história”, declarou Nabih Berri, presidente do Parlamento, em entrevista por telefone para um canal local.



Em Paris, onde transcorria a conferência internacional dedicada ao Líbano, a Paris 3, Siniora declarou: “Apelo à sabedoria de vocês e à razão; estou seguro de que os libaneses saberão compreender e e todos discernirão onde se situa o interesse do Líbano.”



“É um barril de pólvora”



Os confrontos foram se apaziguando aos poucos a partir dos apelos à calma. Mas a tensão permanecia evidente em muitos bairros de Beirute no início da noite.
“É um barril de pólvora”, declarou à agência Reuters o analista Ussama Safa. “Não parece que (o conflito) tenha resultado de uma vontade política de efetivá-lo, foram violências de rua espontâneas”, agregou.



O Partido Comunista Libanês emitiu um comunicado onde afirma que, “nesta circunstância, os apelos à razão e à ponderação lançados pela classe política não são suficientes. Por que quem deve agir razoavelmente não são os jovens que atacaram as ruas de Beirute e outras cidades, mas os líderes políticos e confessionais que transformaram esses jovens em instrumentos de suas ambições”, argumenta.



“Nosso apelo à razão visa sobretudo o primeiro ministro e o que restou de seu governo, que acreditam poder se aproveitar da ajuda externa contra o seu povo”, diz o texto. Mas admite que “por sua vez, diferentes partidos da oposição não estão isentos de responsabilidade”. O PC Libanês faz “um apelo urgente” a todos os libaneses para que “se unam em torno de seus interesses patrióticos e sócio-econômicos, contra as tentativas de divisão em bases confessionais”.



Sauditas encabeçam ajuda de Paris



A oposição lançou na terça-feira uma greve geral que paralisou boa parte do Líbano. Os conflitos de terça deixaram três mortos e 176 feridos. Siniora e Hariri, que é o líder da maioria no Parlamento, rejeitaram as reivindicações dos grevistas.



A Conferência de Paris, reunindo quatro dezenas de representações de instituições e países, prometeu ao líbano mais de US$ 7,6 bilhões. A Arábia Saudita comprometeu-se a entrar com US$ 1,1 bilhão. A França, os EUA, o Banco Europeu de Investimento, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Árabe estão entre os principais doadores. O governo brasileiro se fez representar e comprometeu-se em ajudar com US$ 1 milhão.



Com informações da http://www.aloufok.net