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Nonô assume 'abacaxi' de relatar expulsão de Arruda no DEM

O ex-deputado alagoano José Thomaz Nonô classificou nesta quarta-feira (2) como "um abacaxi" a missão confiada por seu partido, o DEM, relatar o pedido de expulsão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de corrupção. O nome proposto antes para relator desistiu em meia hora. Suspeita-se que o processo visa ganhar tempo para não punir o único governador do DEM, que ameaçou revidar se fosse conduzido ao sacrifício.


O relator indicado inicialmente para conduzir o caso no processo partidário foi o deputado José Carlos Machado (SE). Mas ele recusou logo após ser designado, alegando que é engenheiro, não advogado, e portanto não teria conhecimentos jurídicos para a tarefa.

Nonô também não pareceu entusiasmado com a relatoria. "Recebi a ligação do Rodrigo (Maia, deputado pelo RJ e presidente do DEM) ontem à noite. É um abacaxi", disse o ex-deputado, lacônico.

O novo relator reconhece que o escândalo abalou o DEM. "É algo que coloca em xeque o sistema político e afeta politicamente meu partido. Isso não é algo agradável nem frívolo", lamentou.

Processo tem desfecho incerto

Nonô foi deputado federal por seis legislaturas, a primeira pelo PDS, em 1983, ainda sob a ditadura militar; passou pelo PMDB e PSDB antes de se fixar no PFL-DEM. Seu momento de maior visibilidade foi em 2005, no auge da crise do 'Mensalão', quando foi lançado pela oposição para a presidência da Câmara, perdendo para Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Em 2006 disputou, sem êxito, uma cadeira no Senado e retornou a Maceió, sem mandato.

Convocado pela cúpula do DEM, Nonô viaja nesta quarta ou quinta-feira a Brasília para ter mais informações do processo. Nesta terça-feira, uma reunião com 37 dos 45 membros da Executiva Nacional do DEM decidiu dar um prazo de 10 dias para o processo de expulsão de Arruda, principal acusado na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que investiga o chamado 'Mensalão do DEM', no governo do Distrito Federal.

A decisão não foi consensual. Uma ala da Executiva defendeu a expulsão imediata de Arruda, em nome do proclamado apego do DEM à ética na política. Argumenta-se que o único governador eleito pela sigla pode recorrer da decisão, ganhando mais tempo à espera de que o escândalo esfrie e o partido desista da expulsão. Outras figuras do partido, como o deputado ACM Neto (BA), asseguram que Arruda será expulso assim que os 10 dias se encerrarem.

Outros observadores interpretam as declarações de Arruda na segunda-feira, de que permaneceria no governo e no partido, como uma ameaça velada de ir para a revanche caso seja expulso do DEM. Neste caso, seriam imprevisíveis as consequências, para a imagem tanto da legenda oposicionista como de seu aliado estratégico, o PSDB.

Da redação, com agências