São Paulo, 453 anos: Zé Celso lança movimento ''2007 Merda''

Para o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, o ano de 2007 será decisivo na batalha de 26 anos que opõe seu grupo teatral, o Oficina, a um conglomerado financeiro, o Grupo Silvio Santos.

Ambos disputam a primazia na utilização de uma quadra na Rua Jaceguai, no limiar dos tradicionais bairros paulistanos do Bexiga e da Bela Vista – e Zé Celso, como é conhecido, sai na frente, pelo menos na mídia, ao lançar, nesta quarta (24/01), o ''Movimento Merda''.


 


''É a 'Merda' do teatro, que se diz quando um ator entra nos palcos'', explica Zé Celso, relembrando o tabu de desejar ''boa sorte'' a um profissional das artes cênicas. ''Minha relação com Silvio Santos é muito boa, mas o grupo é um grupo de especuladores como qualquer outro.''


 


''Anhangabaú da Felicidade''
Zé Celso sustenta que, ao aprovar a construção do Shopping Bela Vista Festival Center, empreendimento de Santos atualmente embargado por liminar na Justiça, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) desrespeita o raio de 300 metros de preservação de um imóvel tombado – a sede do Oficina, projeto de Lina Bo Bardi.


 


''Queremos concluir a idéia dela, que é uma das maiores arquitetas do mundo. Nossa alternativa à população e ao grupo é a construção do 'Anhangabaú da Felicidade', que reuniria uma universidade popular, uma área verde e um espaço para que outros grupos, como o Vertigem, tenham sua sede'', afirma.


 


Com isso, o diretor acredita que a região voltaria a desempenhar o papel de ''ponto de encontro dos guetos'' que teve ''antes da construção do Minhocão''. Além disso, o projeto seria ecologicamente correto, com aproveitamento da energia eólica, solar e de reciclagem. ''Será um 'pulmão cultural', um chacra aberto da cidade de São Paulo.''


 


Calendário
A data escolhida para o lançamento de ''Merda'' é a véspera do aniversário de 453 anos da cidade. A partir das 19 horas desta quarta, e também na quinta, 25, Zé Celso e elenco encenam a primeira parte de Os Sertões, o espetáculo A Terra. Nos dias 27 e 29, será a vez de O Homem I.


 


Nos fins de semana subseqüentes, entram em cartaz os episódios O Homem II, A Luta I – até que, na sexta e sábado de Carnaval (17 e 18/2), A Luta II será encenada. Logo após o Carnaval, nos dias 24 e 25, a seqüência se repete – desta vez, porém, filmada, com vistas a lançamento em cinema digital e DVD. As cinco peças, juntas, somam 24 horas.


 


Em março, José Celso completa 70 anos. Ele pretende celebrar em cena, representando o beato Antônio Conselheiro na peça O Homem I. O artista também comemora os 40 anos do Tropicalismo, da encenação da peça Santidade, de Zé Vicente Martinez Corrêa, e o lançamento de versão remasterizada do filme O Rei da Vela, de 1967.