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Divanilton Pereira: os petroleiros do Brasil em tempos de pré-sal

Membro do Comitê Central cessante do PCdoB e da direção nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Divanilton Pereira é também líder de uma das categorias mais em evidência do Brasil de hoje: os petroleiros. Na entrevista que concedeu ao Vermelho neste sábado (7), em São Paulo, durante o 12º Congresso Nacional do PCdoB, o sindicalista deu dados sobre a composição de sua categoria. Teceu também opiniões sobre os rumos do debate sobre o pré-sal. Confira.

Por André Cintra

Divanilton

Qual é a composição da categoria dos petroleiros hoje? Como essa base evoluiu durante o governo Lula?
O número de funcionários da Petrobras hoje está próximo a 56 mil — desde o refino e a área de produção até a área exploratória e a área administrativa. Há pouco mais de oito anos, eram 40 mil. E há 140 mil que prestam serviço para a Petrobras ou que trabalham para empresas do setor privado atuantes como operadoras da área de petróleo. Isso dá um universo de quase 200 mil trabalhadores, diretos ou indiretos.

Dá para dizer que, diante de tantos avanços no setor, o governo federal também promoveu uma valorização proporcional da categoria, com reajustes salariais mais dignos e elevação de benefícios e direitos?
O que é possível caracterizar, da relação entre o governo Lula com os trabalhadores da Petrobras, é que nós conseguimos uma recomposição de direitos. Dentro dessa recomposição, a mais estratégica é a dos efetivos — foram mais de 20 mil contratações. Os acidentes, apesar de ainda ocorrerem, também diminuíram muito.

Já do ponto de vista das condições salariais, infelizmente não houve avanço. Hoje, a Petrobras trabalha mais com uma política de benefícios do que propriamente com uma política de melhor remuneração. É um desafio até para que a empresa seja atrativa para os grandes profissionais qualificados que o pré-sal exige. A Petrobras tem que rever essa posição.

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) é a única entidade nacional dos trabalhadores do setor?
A FUP ainda representa a maioria dos 17 sindicatos — 11 deles são filiados, mas há uma tentativa de organizar uma federação paralela. O movimento sindical petroleiro está muito dividido hoje, o que é algo danoso. Nós, do PCdoB, atuamos no sentido de reaglutinar e partir da unidade, para que a gente possa dar passos mais vitoriosos.

O PCdoB está presente em quantos desses sindicatos?
Nós temos uma presença mais histórica e mais consolidada no Nordeste, sobretudo no Rio Grande do Norte. Mas essa presença se estende ao Ceará e ao Amazonas. Também temos presença no maior sindicato de exploração de petróleo do Brasil — que é o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, no Rio de Janeiro —, numa refinaria em Minas Gerais, em Campinas e no Rio Grande do Sul.

E qual é o maior desafio dos petroleiros do PCdoB?
Com a pujança do pré-sal — que vai impulsionar ainda mais o setor —, abre-se uma grande oportunidade para o crescimento partidário. Mas, além disso, a prioridade de nossa atuação é dialogar com a juventude do partido, para que a gente tenha uma presença mais qualificada e ampla em toda a atividade do petróleo no Brasil.

Sobre o pré-sal, você acha que o debate do marco regulatório evoluiu bem dentro do governo? A proposta atual se aproxima das reivindicações do movimento?
Os quatro projetos emitidos ao Congresso Nacional pelo Executivo não é obra exclusiva de especialistas ou de oito ministros. Eles refletem também todo um conjunto de diálogos, de pressões políticas e de intervenções que repercutiram também nessa comissão.

Ao nosso juízo, portanto, o projeto do Executivo é um avanço e recompõe o Estado numa atividade econômica muito importante. Dá um relativo controle não só sobre a produção — mas também sobre o ritmo da produção. Possibilita ter um controle rígido sobre as prioridades e a definição do que é ou não é área estratégica. No que pese ainda terem ajustes a serem realizados, essa obra é positiva.