Grande capital se interessa por biodiesel brasileiro

O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) confirma que há interesse de investidores, até multinacionais, na produção de biocombustíveis no Brasil. Segundo a coordenadora de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do ministério, Edna Carm

Para a secretária, é possível utilizar a terra de forma racional, sem prejudicar o meio ambiente ou ameaçar a segurança alimentar: “Há exemplos, em São Paulo, de empresas que já plantavam cana e que passaram a aproveitar o período de descanso da terra para cultivar amendoim”. Assim como o girassol e o dendê, o amendoim é uma fonte de óleo vegetal com o qual se pode produzir o biodiesel.



“Se houver interesse…”



Também em São Paulo, ela citou empresas que além de manterem produção própria, fecharam contratos com cooperativas de outras regiões. “Há um movimento em busca de matérias-primas. Não é como a cana, em que a indústria está em uma localidade e a matéria-prima está ao redor. O óleo para a produção do biodiesel vem de grãos que podem ser transportados e armazenados, o que permite aproveitar de forma mais inteligente a potencialidade da terra, abastecendo o mercado nas entressafras”, apontou.



Entre janeiro e novembro de 2006, o país produziu cerca de 55 milhões de litros de biodiesel – somente em novembro foram cerca de 17 milhões de litros, informou Edna. Ela acrescentou que a Petrobras tem comprado e distribuído praticamente todo o biodiesel produzido no país. A exportação, no entanto, ainda é pequena e precisa ser autorizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Ainda estamos consolidando nosso mercado interno, mas se houver interesse de um empresário, não haverá obstáculo”, disse.



“Sem derrubar uma só árvore”



A secretária detectou uma tendência para que ocorra com o biodiesel o mesmo que com o etanol: “Desde o ano passado, com a corrida dos países europeus para adquirir combustíveis renováveis, passamos a exportar volumes expressivos de etanol”.



Edna Carmelio citou ainda estudo da Embrapa indicando que, se o Brasil utilizar a terra de forma racional, pode produzir o biodiesel necessário para substituir o diesel comum e ainda exportar o excedente: “Sem derrubar uma só árvore, podemos produzir em escala. Sem concorrer com a produção de alimentos e respeitando o meio ambiente”.



O governo, segundo ela, tem concedido benefícios aos produtores. “Queríamos que o biodiesel fosse produzido em larga escala e que gerasse empregos e inclusão social. Para estimular isso, demos estímulos tributários às empresas que trabalham com agricultores familiares. Quanto mais essas empresas compram da agricultura familiar, menos impostos federais elas pagam. E os financiamentos a projetos industriais são um incentivo: o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] já liberou mais de R$ 200 milhões para o setor”. O projeto do governo federal, para substituir parcialmente o consumo de diesel convencional, voltou-se principálmente para os pequenos agricultores, em especial plantadores de mamona no Nordeste.