“Babel” ataca globalização com conservadorismo católico

Ganhador do Globo de Ouro de melhor filme, Babel é o capítulo final da trilogia sobre a expiação da culpa criada pelo diretor Alejandro González Iñárritu e pelo roteirista Guillermo Arriaga, a dupla mexicana por trás de Amores Brutos

Como os filmes anteriores, Babel se divide em três histórias aparentemente isoladas, mas unidas pelos fios da fatalidade. Dessa vez, o escopo é mais amplo, pois elas se desdobram por quatro países e cinco línguas.


 


Os americanos Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett) viajam ao Marrocos para tentar salvar seu casamento, mas ela é atingida por uma bala disparada por um garoto marroquino em um gesto inconseqüente. A mexicana Amelia (Adriana Barraza), que trabalha como babá para o casal, cruza a fronteira dos Estados Unidos com o México para o casamento de seu filho, levando ilegalmente as crianças americanas de quem cuida. Na investigação sobre a origem da arma, chega-se ao nome de um empresário japonês, cuja filha Chieko (Rinko Kikuchi) sofre com o recente suicídio da mãe e o preconceito em relação a sua surdez.


 


Todos os personagens carregam culpas – seja pela falência de um casamento ou pela morte de um parente – e precisam enfrentar um Deus punitivo, que os abate com uma série de tragédias. O virtuosismo do roteiro e da direção pode dar uma aparência moderna a Babel. Mas não consegue ocultar seu conteúdo conservador.


 


O longa vem sendo vendido como um ensaio sobre a incapacidade de comunicação entre pessoas de diferentes países, uma metáfora da globalização. Mas é, na essência, um melodrama católico e, portanto, profundamente mexicano.