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Jovens cientistas ocuparam a PUC-SP com evento interdisciplinar

Com mais de 400 participantes de dez estados brasileiros, o 1° Salão Nacional de Divulgação Científica organizado pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e Comissão Nacional dos Grupos de Programa de Educação Tutotial (Cenapet) inovou ao realizar mostra científica interdisciplinar com estudantes dos três níveis. A cultura teve destaque no evento, que terminou nesta sexta-feira (23/10) na PUC-SP.

- Jacqueline Malta

Entre os dias 21 e 23 de outubro, a Pontífícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi invadida por atores caracterizados de Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Santos Dumont, Alexandra Kollontai,  Milton Santos e Karl Marx. Os mesmos cientistas chamavam a atenção de alunos e professores na ilustração reproduzida em bonecos de 1,8 metros de altura. Foi este o ambiente que atraiu mais de 400 participantes ao 1° Salão Nacional de Divulgação Científica, atividade que integrou a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Ineditismo

É a primeira vez que entidades do movimento estudantil (UNE, Ubes e ANPG) realizam uma atividade de Divulgação Científica. A lista de organizadores é certamente o que explica o tema do Salão: "Popularização da Ciência no Brasil". Além disso, conferiu uma característica típica das entidades ao evento: muita irreverência, concretizada nos bonecões e nos atores que representaram os cientistas com diversas pequenas intervenções durante os debates. A programação cultural contou ainda com  o cortejo de maracatu dos "Meninos do Morumbi", a confecção de um painel pelo grafiteiro Bonga durante um debate e a "Barraca da Troca", organizada pelo Centro Universitário de Cultura e Arte da UNE (Cuca), onde as pessoas podiam escolher objetos na banca e trocar por outros artigos de sua posse.

Além da irreverência, o Salão promoveu nove debates e dois dias de mostra científica. Foram inscritos 135 trabalhos, dos quais 92 foram selecionados. A principal característica da mostra organizada pelo Salão foi a interdisciplinaridade, que agradou jovens cientistas, como é o caso da estudante de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Christine Men Martins: "achei muito bacana poder ver trabalhos de diversas áreas, em geral participo de eventos científicos que só falam de Odontologia. Essa troca é muito interessante". Christine é bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e veio com a caravana de Maringá e Londrina (PR) organizada pelo Cenapet. A mostra científica reuniu trabalhos de estudantes de Institutos federais de Educação Tecnológica (Ifets), graduandos e pós graduandos de diversas áreas do conhecimento, bolsistas PIBIC e PET, além de estudantes da própria PUC-SP.

Os convidados do Salão dariam um capítulo a parte: cientistas, representantes de movimentos sociais, artistas, autoridades, entidades científicas, uma verdadeira salada de saberes e opiniões, que incluiu entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Comissão Nacional de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes).

Na conferência de abertura, com o tema do salão, estava o professor Sérgio Amadeu da Faculdade Cásper Líbero, que defendeu que existe um choque de idéias hoje: para o professor, a expansão do conhecimento se dará com liberdade e acesso livre ao conhecimento, contrapondo a propriedade sobre idéias. O diretor do Departamento de Popularização e Difusão da C&T do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ildeu de Castro Moreira, também compôs esta mesa e fez questão de valorizar a inciativa das entidades estudantis de realizar o Salão.

No asfalto e no morro

No último dia de atividades, o Secretário Nacional de Juventude Danilo Moreira e o rapper do grupo Face da Morte, Aliado G, participaram de uma roda de juventude com o tema "Novos talentos: no asfalto e no morro, a juventude faz ciência". Aliado G leu o nome da mesa e disse: "quando penso neste tema me vêm à cabeça dois tipos de jovens cientistas: o que está no centro de pesquisa da universidade e o que está fabricando cocaína no laboratório do morro. É importante compreendermos porque um está lá e outro cá".

O Salão foi encerrado com a mesa "Ciência em Movimento: jovens cientistas pela popularização da ciência", composta pelo presidente da ANPG, Hugo Valadares, pelo presidente do Diretório Central da Universidade Estadual de Montes Claros, Daniel Dias, pela presidente do grêmio do Ifet de Cubatão, Ana Cristina Araújo, e pela bolsista PET da Universidade Estadual de Londrina, Talita Girotto. Estudantes de Ifets e universidades fizeram intervenções e foi encaminhada a redação de uma carta do Salão pela popularização da ciência.

Confira abaixo trechos de declarações dos convidados que participaram da mesa de abertura:


Augusto Chagas, presidente da UNE, apresenta a proposta da entidade: 50% do Fundo Social do Pré-sal para a Educação. "Que isso sirva ao desenvolvimento da ciência e tecnologia e à inovação".


O professor Sérgio Amadeu da Silveira, professor e ativista do software livre, defendeu que é preciso incentivar o conhecimento. Conhecimento aberto, lembrou ele. "Com a ciência cada dia mais aberta, mais criativa será".


Carlos Eduardo Siqueira, presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP). "A construção da ciência e tecnologia é muito cara para o desenvolvimento de nosso país".


Arthur Herculano, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundarista (UPES) fala sobre a necessidade de aproximar a ciência do cotidiano das pessoas.

De São Paulo, Luana Bonone, com informações do Estudantenet