Mercosul: empresas de comunicação pública buscam integração

A integração dos países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) não deve ocorrer apenas no âmbito governamental. Para que o intercâmbio ocorra de fato, ele deve envolver a população dos países do bloco. E, nesse processo, as empresas públicas de comunicação

Isso é o que defendem representantes de emissoras públicas de comunicação que se reúnem de 10 a 12 de janeiro em Buenos Aires, capital da Argentina, para discutir ações que fortaleçam a integração no Mercosul.



''A gente quer promover o autoconhecimento, a troca de experiências de quem trabalha em emissoras de rádio, de televisão e agências de notícias'', afirmou o coordenador do Brasil na Reunião Especializada de Comunicação Social do Mercosul, Jorge Duarte.



Ele diz que o encontro não vai discutir políticas, filosofias e teorias. ''Não vai haver nenhum tipo de interferência em políticas editoriais de veículos. A idéia é debater como operamos a comunicação pública para que a gente fortaleça cada veículo''.



De acordo com o coordenador-geral substituto da TV Brasil, Adriano de Angelis, a idéia é sair do seminário com resultados práticos. ''Um dos objetivos do seminário é trabalhar ações concentradas para os próximos seis meses na área de televisão, rádio e agência de notícias, a partir de um mapeamento das estruturas existentes'', destacou.



No seminário será debatido, por exemplo, como uma emissora pública de televisão da Argentina pode transmitir em seu país programas que mostrem a cultura brasileira. Ou como uma emissora de rádio uruguaia pode veicular programação argentina.



''A comunicação pode proporcionar conhecimento sobre a realidade dos países, que tanto se busca. A gente quer abrir uma janela, um espaço, para mostrar o que acontece nesses países'', disse Angelis.



O encontro deve reunir cerca de 100 profissionais que atuam na gestão de emissoras de televisão, rádio e agências de notícias públicas dos países do Mercosul, além de representantes da sociedade civil. O resultado do seminário, que será apresentado aos chefes de Estado, será consolidado na Carta de Buenos Aires.


 


Brasil já tem estrutura pública    


 


Para promover a integração, o Brasil já conta com uma estrutura de comunicação pública que pode ser utilizada. Uma delas é a TV Brasil, canal público internacional do Estado brasileiro voltado para a integração sul-americana.


 


A TV Brasil será um dos projetos apresentados e debatidos no seminário na Argentina. Inaugurado em 2005, o canal tem como objetivo integrar as produções culturais e informativas dos países da América do Sul. “Apesar de ser um canal público brasileiro, a TV Brasil busca contribuir para o processo de integração regional”, destacou Adriano de Angelis.


 


Segundo ele, 93% da programação da TV Brasil é formada por produções vindas de parceiros dos países da América do Sul. “São cerca de 50 acordos de cooperação que garante essa troca de conteúdo”. Angelis diz que é importante introduzir na programação produções de diversos países para garantir a diversidade dos povos sul-americanos.


 


“Já existe uma produção de qualidade feita com um olhar próprio de cada comunidade. Por isso, a gente não quer ser o portador da informação deles. Queremos abrir espaço para que eles, a partir de suas próprias produções, entrem na grade da TV Brasil”, destaca.


 


Um dos noticiários da TV Brasil é o “América do Sul Hoje”, um jornal em português, voltado para o público brasileiro, com notícias da América do Sul. A emissora tem também o “Notícias do Brasil”, em que são veiculadas as principais notícias brasileiras, em espanhol, disponibilizadas para a população dos países sul-americanos.


 


Além da TV Brasil, o país conta com outras estruturas de comunicação que podem ser utilizadas no processo de integração entre os países do Mercosul, como, por exemplo, as 23 emissoras de televisões educativas.


 


Fonte: Agência Brasil