Que perdem os EUA e a música com a morte de James Brown?

O músico americano James Brown, conhecido como ''o rei do soul'', morreu à 1h45 (4h45 de Brasília) na cidade de Atlanta (sul dos Estados Unidos), aos 73 anos. A influência do cantor na música popular dos Estados Unidos o transformou em uma lenda, especial

O agente de Brown, Frank Copsidas, disse à imprensa americana que o cantor não estava sob cuidados intensivos e que se desconhece a causa exata da morte. Segundo a emissora CNN, Brown foi levado com pneumonia na noite de domingo para o Emory Crawford Long Hospital, de Atlanta.


 


Mas os encarregados do estabelecimento, contatados na manhã desta segunda-feira, se negaram a confirmar ou desmentir a informação.


 


Começo modestíssimo
Nascido em um subúrbio de Barnwell (Carolina do Sul) em 1933, James Brown superou uma infância marcada pela miséria e a marginalização, após ser abandonado aos 4 anos por seus pais e deixado aos cuidados de parentes e amigos. Cresceu nas ruas de Augusta (Geórgia), onde cantava e dançava para pagar por sua vaga no quarto de um bordel.


 


Aos 16 anos, foi condenado a passar três anos em um reformatório por roubar carros. Ao sair, e em meio a uma carreira semiprofissional como boxeador, uniu-se ao grupo de gospel de Bobby Byrd, cuja família acolheu Brown. A carreira como músico profissional em 1953.


 


Sua banda, rebatizada como Famous Flames, assinou um contrato três anos depois com a King Records de Cincinnati. Logo em seguida, a canção Please Please Please se transformou em seu primeiro título a alcançar o topo das paradas de sucesso.


 


Hits e fama
Brown alcançou a fama entre fim dos anos 50 e início dos 60, após cativar o público com suas apresentações ao vivo e várias gravações que se tornaram grandes sucessos. A década de 1960, por sinal, foi o período em que Brown teve o maior sucesso popular.


 


Duas de suas canções, Papa's Got a Brand New Bag e I Got You (I Feel Good), entraram para a lista das ''top 10''. Sua fama cresceu ainda mais com sua participação nos filmes Ski Party e The T.A.M.I. Show.


 


No fim dos anos 60, a revista Look qualificou James Brown de ''o homem negro mais importante dos Estados Unidos''. Seus sucessos na década seguinte incluíram It's a New Day, Brother Rapp, Get Up (I Feel Like Being a Sex Machine) e Super Bad.


 


Problemas aos montes
Enquanto lançava sucessos, Brown se envolvia com drogas, álcool e atos de violência, que lhe trouxeram problemas com a Justiça. Na década de 70, após a morte de seu filho em um acidente de trânsito, a carreira de Brown começou a declinar


 


Em 1985, Brown compôs a canção principal do filme Rocky IV, de Sylvester Stallone. Um ano depois, ao lado de Steve Winwood, Stevie Ray Vaughan e Alison Moyet, James Brown lançou o aplaudido álbum Gravity.


 


Em meio a isso, porém, sua carreira foi interrompida quando ele foi condenado a seis anos de prisão. O cantor tentara agredir dois policiais que o perseguiram após invadir armado uma reunião de agentes de seguros. A reunião era realizada em um edifício de sua propriedade, e Brown os acusava de utilizar seu banheiro particular.


 


O músico passou mais de dois anos na prisão, após os quais se dedicou a trabalhar com jovens músicos de rap e hip-hop, que viram nele – apesar de seus erros – um modelo que conseguiu superar a miséria e marginalização de sua infância.


 


Ampla influência
Célebre por uma voz imponente e seus frenéticos movimentos, Brown tinha sentido inovador de ritmo. Essa virtude o transformou em um dos músicos americanos com maior influência nos últimos 50 anos, junto a nomes como Elvis Presley e Bob Dylan.


 


Foi o homem que transformou o gospel em rhythm and blues e soul. Sua música também contribuiu para criar estilos como o rap, o funk e a música disco. Mick Jagger, Michael Jackson e David Bowie, entre outros, admitiram ter se inspirado em Brown.


 


O lendário músico – cujo repertório chegou a 800 canções – recebeu um Grammy em 1992 por sua contribuição à música. Em 1965 e 1987, já havia sido premiado na festa do Grammy.