Morre aos 99 anos o compositor Braguinha, de “Carinhoso”

Morreu aos 99 anos, no fim da manhã deste domingo (24/12), o cantor e compositor Braguinha, também conhecido como João de Barro. Ele estava internado no Hospital Pró-Cardíaco, na zona sul do Rio de Janeiro (RJ).

Braguinha se sentiu mal na noite de sábado e chegou ao hospital com uma taxa de glicose alta, falecendo horas depois. Os parentes ainda não decidiram quando será o enterro, que provavelmente acontecerá no Cemitério São João Batista, em Botafogo, onde a família tem um mausoléu.


 


Carlos Alberto Ferreira Braga (seu nome real) nasceu numa sexta-feira da Paixão, em 29 de março de 1907, no bairro carioca da Gávea. Criado em Vila Isabel, Tijuca, foi morador apaixonado por Copacabana e sempre demonstrou em suas canções a grande paixão que sentia pela cidade. Também foi amigo de Noel Rosa, Pixinguinha e Lamartine Babo.


 


Compôs serestas e marchas-ranchos – mas a consagração veio com as marchinhas de carnaval. Uma delas foi As Pastorinhas, reconhecida a partir de suas primeiras frases: “A estrela Dalva/ No céu desponta/ E a Lua anda tonta/ Com tamanho explendor…”, que compôs em parceria com Noel Rosa e foi a campeã do concurso de músicas de carnaval do Rio, em 1938.


 


Passou a adolescência em Vila Isabel, onde formou o grupo Bando de Tangarás (inicialmente chamado Flor do Tempo) junto com o cantor e pandeirista Almirante (Henrique Foreis Domingues), o violonista Henrique Brito e o cantor Alvinho (Álvaro de Miranda Ribeiro), além do jovem violonista e compositor Noel Rosa.


 


O grupo desfez-se em 1933, ano em que Braguinha emplacou seus primeiros sucessos de carnaval: Moreninha da Praia e Trem Blindado, composições que já traziam os temas que iriam marcar toda a sua obra: a exaltação da mulher e a crônica bem-humorada do cotidiano.


 


Sucessos


A década de 30 foi um período fértil para Braguinha, marcado por sucessos como Cadê Mimi? (1935), Pirata (1935) e Carinhoso (1937). O compositor atingiu o auge em 1938, quando dominou o carnaval com três marchinhas que se tornariam clássicos: Pastorinhas (com Noel Rosa), Touradas em Madrid e Yes, Nós Temos Banana (com Alberto Ribeiro).


 


No fim de 1943, foi convidado a dirigir a gravadora Continental, que tinha em seu elenco artistas iniciantes como Dick Farney, Ademilde Fonseca e Emilinha Borba. Em menos de três anos, Braguinha levou a gravadora a competir em condições de igualdade com as veteranas do mercado.


 


O fim da década de 40 foi novamente bastante fértil para o compositor. Lançou, no carnaval, sucessos como Pirata da Perna-de-Pau, A Mulata É a Tal (com Antônio Almeida), Tem Gato na Tuba (com Alberto Ribeiro), Chiquita Bacana (também com Ribeiro) e brilhou com sambas como Copacabana, Fim de Semana em Paquetá e A Saudade Mata a Gente. Nesse período lançou, em disco, historinhas infantis, como Chapeuzinho Vermelho.


 


Na segunda metade da década de 60, quando o samba-enredo tomou o lugar das marchinhas no carnaval, Braguinha reduziu sua produção musical. Mesmo assim, fez sucesso em 1980 com a marcha Balancê (de 1937), relançada por Gal Costa.