Congresso dos universitários cubanos: um exército de luz

Em artigo para o Vermelho, Luciano Rezende  descreve e analisa o 7º Congresso da Federação Estudantil Universitária, a FEU de Cuba. O evento contou com 774 delegados e teve a participação da UNE e da Oclae. Confira o texto.

Um exército de luz


 


Por Luciano Rezende, de Cuba


 


''Os estudantes são o baluarte da liberdade
e seu exército mais firme''
(José Martí)


 


Terminou no dia 20 de dezembro o 7º Congresso da Federação Estudantil Universitária, a combativa FEU de Cuba, entidade que goza os seus 84 anos de existência – mais antiga que o próprio Partido Comunista de Cuba -, rejuvenescida nesse histórico encontro.


 


Rejuvenescimento demonstrado simbolicamente no Estádio Universitário de Havana através de uma memorável apresentação do Ballet Nacional de Cuba, no mesmo local onde há 50 anos atrás a FEU realizou uma ''função de desagravo'' e divulgou uma enérgica declaração de protesto contra a tirania de Fulgêncio Batista, que perseguia o Ballet da jovem Alícia Alonso


 


Ninguém menos que a própria Alícia, meio século depois, apresenta seu Ballet (que hoje leva o nome de Ballet Nacional) aos jovens delegados e convidados congressistas, em agradecimento a sempre jovem FEU.


 


Raúl Castro
Jovialidade também configurada concretamente pelas idéias justas e pelas posições firmadas no congresso, situando a FEU na realidade atual, aceitando os novos desafios exigidos pela revolução, em defesa das conquistas no campo da educação.


 


E por isso mesmo trata-se de um congresso histórico, atestado pelo próprio Raúl Castro Rúz, atual comandante em chefe de Cuba e do Partido Comunista. Raúl fez o chamado para ''a jovem geração de universitários cubanos defenderem a revolução martiana, marxista-leninista, socialista e antiimperialista, conscientes de que só ela assegura a verdadeira liberdade e dignidade de suas mulheres e homens, e soberania e independência à Pátria''.


 


Esse chamamento é ainda mais importante ao lembrarmos que essa geração de universitários cubanos nasceu nos anos mais duros da Revolução, sem conhecer outras conquistas do socialismo e sem ter vivenciado o flagelo do capitalismo pré-revolução.


 


Bandeiras
É esse congresso jovem de dimensão histórica iniciado ainda no mês de março (!!!) através da ampla participação estudantil nas chamadas Brigadas Universitárias de Trabalho Social (BUTS) que termina agora, coroando a etapa final.


 


Houve deliberações sobre temas novos, como o papel da juventude universitária na defesa da pátria e da humanidade, o impacto social e o funcionamento da organização em cada rincão do país, a formação profissional com elevada cultura universal e o êxito de uma recreação sã, culta e útil para ajudar a manter a invulnerabilidade da revolução.


 


Os cinco heróis cubanos – presos pelos Estados Unidos por lutarem contra o terrorismo da Máfia de Miami – foram lembrados. Uma jornada de lutas para suas libertações foi aprovada por consenso.


 


Ampla participação
Outro fato que chama atenção é a representativa participação de 774 delegados representando todos os municípios do país. A esses delegados também couber debater e aprovar o novo estatuto da entidade. Entre os observadores e convidados estiveram presentes a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (Oclae), que saudaram o evento.


 


Oclae e UNE reafirmaram os laços históricos que unem as entidades em ações comuns como a defesa da paz, a oposição ao imperialismo e a denúncia contumaz à mercantilização da educação. UNE e FEU marcham juntas numa jornada de muitos anos na reivindicação da autodeterminação dos povos e da soberania nacional de cada país, em contramão ao neoliberalismo.


 


O exemplo da FEU é seguido também por entidades estudantis e juvenis de outros países da América Latina que em boa medida vem sendo determinante nessa onda de vitórias eleitorais alcançadas por forças progressistas não alinhadas ao imperialismo norte-americano.


 


O contexto da região
O movimento estudantil latino-americano vem rompendo com o dogmatismo estreito e conferindo caráter plural, progressista e democrático a suas instâncias. Também tem debatido e encaminhado matérias importantes que dizem respeito à educação e a todas outras variantes políticas. É, por isso, agente de transformação e impulsionadora de um novo ciclo político que se abre em nosso continente.


 


É esse exército de luz que precisa se irradiar cada vez mais para ajudar iluminar o caminho da nova América que vai se erigindo, embalado no sonho de José Antônio Echeverría, Honestino Guimarães, José Rafael Varona (Fefel) e tantos outros mártires e heróis do movimento estudantil de Cuba, do Brasil e de todo o continente.